O Globo
Rodrigo Pacheco
não precisaria rejeitar agora o pedido de impeachment apresentado por Jair
Bolsonaro contra Alexandre de Moraes.
Poderia fazer
como fez com pedidos anteriores endereçados a integrantes da mais Alta Corte da
Justiça: ignorado, deixado no escaninho.
Mas ele decidiu
arquivar de forma inequívoca e quase sumária um pedido pelo qual Bolsonaro se
empenhou pessoalmente. Por quê?
Porque quer
esvaziar os atos golpistas do Sete de Setembro. Principalmente a bizarra
possibilidade, que deixou o terreno do absurdo para se tornar uma ameaça
concreta, de tentativas de invasão dos prédios do Congresso e do Supremo.
O presidente do
Senado manda um recado inequívoco a Bolsonaro: chega de brincadeira com a
democracia, presidente.
Para alguém que fosse minimamente equilibrado e razoável, as declarações dadas ao longo das quase duas semanas desde que ameaçou o pedido de impeachment de dois ministros do Supremo bastariam para Bolsonaro ter desistido.
Mas o presidente
da República se comporta a cada dia como um arruaceiro em ação, construindo o
terreno para tentar um golpe com nenhuma chance de prosperar.
Fosse qualquer
outro, o banho-maria em que o mesmo Senado colocou a indicação de André
Mendonça também teria feito Bolsonaro desistir da aventura que, além de
ridícula, resultaria invariavelmente em derrota para ele. Mais uma de inúmeras
derrotas que ele vem colecionando desde que resolveu escancarar sua face de
protoditador.
Essa cruzada
contra o ministro Alexandre de Moraes virou o grande combustível, além da
marmita gourmet oferecida pelos organizadores dos atos antidemocráticos, do
Sete de Setembro em Brasília.
Ao jogar o pedido
de impeachment na lata do lixo Pacheco derruba a narrativa de que existiria
algo como uma "ditadura branca" do STF, contra a qual tias do zap
estão se animando a marchar a Brasília e investir contra os prédios de Oscar
Niemeyer.
O presidente do
Senado não vai parar por aí em sua iniciativa para esvaziar os atos dos
bolsonaristas. Na quinta-feira, dia 2, se reunirá com governadores, para se
manifestar contra os sinais inquietantes de crescente infiltração golpista nas
Polícias Militares.
Tudo isso será
levado pelos "amortecedores" a Bolsonaro. Mas nada indica que ele
desistirá de convocar e comparecer e discursar nesses atos que até um ano e
meio atrás seriam inconcebíveis, mas que por ação diligente da parte dele se
tornaram corriqueiros e cada vez mais graves.
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