O Estado de S. Paulo
A sucessão presidencial de 2022 começou,
com Lula na frente, Bolsonaro ainda sem partido, Ciro vacilando, Sérgio Moro
surpreendendo e os tucanos passando vexame. Mas as grande questão nacional, a
crise econômica e social, ainda não entrou na pauta.
Assim como o presidente Jair Bolsonaro diz
ao mundo que a Amazônia “é uma floresta úmida que não pega fogo”, seu Posto
Ipiranga falido, Paulo Guedes, diz que a economia brasileira está crescendo
“acima da média mundial”. Uma competição de inverdades.
Na realidade – e o governo já sabia disso
antes da COP 26 –, as queimadas na Amazônia batem recorde em cima de recorde e
o Brasil está a caminho de ser o lanterninha do crescimento econômico entre os
países emergentes. É candidato a destruidor-mor do ambiente e da economia.
O mundo inteiro sofreu com a pandemia, mas no Brasil há outros fatores, como a disparada dos juros e as incertezas fiscais com o estouro do teto de gastos. As estimativas das agências variam de 0,8% a 1,9% e a do FMI fica no meio do caminho, em 1,5%.
Para os países emergentes, segundo
reportagem do Estadão, a previsão média está em 5,1% e, depois do Brasil, os
piores horizontes são da África do Sul, com 2,2%, e Argentina, com 2,5%.
Crescimento baixo com inflação alta é o
pior dos mundos: menos produção, menos serviços, menos emprego e renda e…
preços mais altos. As pessoas perdem emprego e renda, mas pagam mais, por
exemplo, pela cesta básica. O pobre se torna miserável, vem a fome.
A inflação é um problema global
pós-pandemia. Até nos EUA, onde esse era um não-assunto, ela é a maior desde
1990. Mas no Brasil atinge 10,7% em 12 meses e, também segundo o Estadão, são
muito poucos os países com índices de dois dígitos. É isso, ou como sair disso,
que candidatos, partidos e Congresso deveriam estar discutindo a sério, já que
não dá para esperar muito da dupla Bolsonaro-guedes e o governo não está nem aí
para responsabilidade fiscal, crescimento e inflação.
O que importa é gastar, gastar e gastar
para reeleger o presidente.
Afora Ciro Gomes, que sempre bateu na tecla
do desenvolvimento, mas patina nas pesquisas e anda sumido, ou Sérgio Moro, que
jogou José Affonso Pastore na linha de frente do debate econômico, até para não
ficar no samba de uma nota só (corrupção), não se vê empenho em debater o que
interessa.
Bolsonaro é Bolsonaro. Lula acena com
crescimento e inclusão, mas as condições de 2023 não serão as de 2003. E o
candidato do PSDB, seja quem for, tem os mais brilhantes economistas do País
desde o Plano Real, mas não tem identidade, rumo e união.
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