Folha de S. Paulo
Para compensar o desprestígio entre os
evangélicos, reajuste aos policiais vai custar R$ 2,8 bilhões
Espero que os médicos estejam dando a
atenção devida à apneia do sono presidencial. Os últimos dias foram de provocar
insônia em qualquer homem saudável e equilibrado, quanto mais em Bolsonaro.
Segundo o Datafolha, Lula lidera a corrida com 48% da preferência eleitoralal; se hoje fosse outubro de 2022, ele ganharia no primeiro turno. No Brasil da pobreza e da fome, 53% avaliam o governo como ruim ou péssimo. O presidente ainda sofreu um golpe inesperado: entre os evangélicos, pesquisas apontam um empate técnico entre Lula e Bolsonaro, sinal da transferência de votos do segundo para o primeiro. O engenheiro da destruição —do país, da democracia, dos sistemas jurídico e policial, da saúde da população— está se autodestruindo.
A blindagem na Procuradoria-Geral da
República já não funciona tão bem: o ministro Alexandre de Moraes, do STF,
manteve a instauração de inquérito contra o presidente pela falsa associação
entre a vacina da Covid e o risco de contrair o vírus da Aids. O argumento
criminoso foi dito em alto e bom som, está nas redes, nem precisava de investigação
para ser comprovado. Agora Herodes, digo, Bolsonaro age para impedir a
imunização de crianças de 5 a 11 anos.
Com provável interferência do Planalto, a
operação da Polícia Federal, que cumpriu mandado de busca e apreensão na casa
de Ciro Gomes, pré-candidato à Presidência, pode ter sido um tiro no pé. Ação
lavajatista de quem atuou para destruir a Lava Jato, o lawfare contra Ciro abre
a possibilidade de formar-se a sonhada frente nacional. No mesmo dia,
sintomaticamente, Geraldo
Alckmin deixou o PSDB e se prepara para reforçar a chapa de Lula.
Com 60% de rejeição, resta a Bolsonaro inflamar o tom golpista
e acelerar a gastança. Para compensar o desprestígio entre os evangélicos, o
reajuste aos policiais vai custar R$ 2,8 bilhões. Se o Brasil inteiro vestisse
farda, a reeleição estaria no papo.
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