O Globo
Apenas 32% dos evangélicos aprovam o
governo Bolsonaro, revelou o Datafolha; número chega a 50% entre empresários
Que Bolsonaro é um idiota,
todo mundo sabe. Por isso, não surpreendeu quando disse no auditório da
Federação das Indústrias de São Paulo que “ripou” a diretoria do Iphan porque o
órgão havia interditado uma obra do seu amigo Luciano Hang. Também não foi
novidade anunciar um crime que cometeu certo que nada vai acontecer, que foi
isso o que ele fez ao revelar a “ripada”. O que surpreendeu foram os risos e os
aplausos entusiasmados da plateia da Fiesp à fala cabulosa e absurda. Os
presentes também gostaram de ouvir de Bolsonaro que ele colocou uma ministra no
TST “que não vai dar trabalho para vocês”.
Significa que aquele público, mais do que qualificado, com acesso à informação abundante e teoricamente capacitado para ver o mundo sob diversas óticas, inclusive a humanista, se lixa para o patrimônio histórico, para a justiça social e para a lei. Foi isso o que revelaram ao rir e aplaudir quando Bolsonaro disse que demitiu a diretoria porque técnicos do Iphan encontraram “azulejos” nas escavações e paralisaram a obra de Hang. Foi o que também demonstraram quando o presidente avisou que a nova ministra do TST não os incomodará. Claro que eles entenderam o recado e foi para o que aplaudiram. Em outras palavras, Bolsonaro disse que eles “podem infringir as normas trabalhistas à vontade que a ministra não vai se mexer”.
Surpreendeu também o
volume do apoio que empresários brasileiros seguem dando a Bolsonaro. Segundo a
pesquisa desta sexta-feira do Datafolha, 50% deles aprovam o governo. É difícil
entender a razão deste respaldo, uma vez que as principais bandeiras do
empresariado empacaram. A abertura econômica esperada não aconteceu, as
privatizações ficaram na promessa e a reforma tributária virou miragem. Só a
reforma da Previdência andou, ainda assim graças ao Congresso, não ao
Executivo. Dentro do grupo de empresários pesquisados estão pequenos
empreendedores, que na verdade são a maioria, mas mesmo para estes quanto maior
a liberdade econômica e menor a interferência do Estado na economia, melhor.
Uma pista sobre a razão
desta teimosia em favor de Bolsonaro foi revelada pela colunista Bela Megale.
Segundo petistas ouvidos pela jornalista, os empresários temem que Lula se
torne vingativo caso seja eleito para o seu terceiro mandato. Mais, acham que o
seu governo pode retroceder nas reformas introduzidas na economia pelo governo
Michel Temer, sobretudo a trabalhista. Pode ser, embora Lula não seja do tipo
que gosta de dar tiro no pé. Mexer nestas reformas já consolidadas pode causar
impactos negativos e fortes na economia, o que resultaria em rápido desgaste
político. E Lula odeia desgaste político.
Os empresários são mais
bolsonaristas que os evangélicos, já que dentre estes, apenas 32% aprovam o
governo, revelou o Datafolha. A Fiesp poderia até reivindicar uma cadeira no
Supremo.
O que quer a PF
Claro que de aumento de salário ninguém
reclama. Mas o que a Polícia Federal precisa mesmo é de melhores condições de trabalho,
mais infraestrutura tecnológica, reformas de unidades e novos equipamentos. A
estrutura da Polícia Rodoviária Federal é ainda mais precária, quem trafega nas
rodovias do país sabe bem disso. Desnecessário falar sobre o que passa o
pessoal do Departamento Penitenciário Nacional, basta ver em que estado
encontram-se os presídios brasileiros. De resto, a proposta de reajuste
salarial para eles feita por Bolsonaro é de uma extravagância espetacular.
Buscando a extrema
A radicalização de Bolsonaro destes dias
tem por objetivo não perder votos entre os extremistas de direita que o apoiam
e que ameaçam ir para Moro se o capitão mantiver a doçura adquirida depois do Sete de
Setembro. Seu medo é perder relevância no único grupo em que ainda é dominante.
Por isso também quer dar aumento antecipado aos policiais federais. E isso vai
piorar.
Covardes
Um jornalista é agarrado e leva um mata-
leão de um segurança do presidente. Outro é apenas advertido. Qual é o homem e
qual é a mulher? Não precisa responder. A covardia contra mulheres jornalistas
é evidente. Normalmente, mulheres
são mais aguerridas e dedicadas no trabalho que homens,
mas não é esta a razão das agressões. É por covardia machista e misógina que
elas recebem duas vezes mais ataques no Twitter do que os jornalistas do sexo
masculino. Por essa mesma covardia, uma repórter da TV Globo foi agarrada pelo
pescoço numa chave de braço pelo segurança truculento. Outro jornalista foi
agredido na ocasião, mas apenas verbalmente. Era homem e os covardes se
encolheram.
Parece que bebe
Soube-se esta semana que o general Heleno
toma dois Lexotan na veia diariamente. O que não foi revelado pelo militar é
quantas doses ele bebe diariamente e se traga quando fuma. Deve ser em
quantidade industrial. Somente muita bebida e muito fumo explica a sua fala
contra o Supremo Tribunal Federal (mais uma vez) e o seu “medo” de que o
presidente Bolsonaro seja assassinado. Trata-se do velho e repugnante golpista, sempre
tramando.
Desleal
A derrota que o senador Fernando Bezerra
sofreu na sua candidatura para o TCU mostra bem o caráter de Bolsonaro. Para o
presidente, lealdade é bom e ele gosta, só não lhe peçam reciprocidade.
Desenterrando defuntos
Já começaram, mas vão ficar muito mais
fundas as escavações dos órgãos federais de fiscalização (Polícia Federal,
Receita, Coaf) em busca de ossadas petistas na administração pública. Velhas
denúncias vão ganhar roupas novas e capas
novas irão envolver velhos inquéritos. E os arredores também
serão objeto de devassas. Já são. Olhem o caso de Ciro Gomes. E que não venham
dizer que Bolsonaro não tem nada com isso. Tem sim, nem que seja pelo exemplo
que dá. No caso de Ciro, a investigação é um tiro no pé do presidente.
Conseguiu aproximá-lo de Lula e ainda pode dar ao petista vitória no primeiro
turno.
Aqui não é Flamengo
Na quarta-feira, 8 de dezembro, Lula se
reuniu com lideranças das centrais sindicais em São Paulo para pedir empenho na
campanha eleitoral que se aproxima. Usou uma linguagem coloquial para falar com os
companheiros: “Eleição presidencial é longa como o campeonato brasileiro. Temos
que trabalhar muito para não passar vergonha como o Flamengo, que achou que ia
ganhar tudo este ano e não ganhou nada. Nós não somos Flamengo, não vamos
colocar salto alto”. Os sindicalistas, todos paulistas (palmeirenses e
corintianos), foram à loucura.
Acordo pré-eleitoral
Ao tomar posse na semana passada, o novo
presidente do TRE, Elton Martinez Carvalho Leme, arrancou um compromisso do
governador Cláudio Castro de ampliar o tribunal através de reforma e adaptação
de prédios da instituição. Há dois equívocos no pedido de Leme e na
aquiescência de Castro. Primeiro, esta não é hora de gastar com reforma e ampliação
de prédios. Principalmente porque quase todos os membros do TRE são do Tribunal
de Justiça e podem muito bem se reunir lá. Segundo, juiz que vai arbitrar uma
eleição não pode pedir nada a um dos candidatos, muito menos empenho de
dinheiro público para beneficiar seu grupo, mesmo que o pleito seja legítimo.
Dinheiro desnecessário
Brasileiro residente na China passou de 1º de janeiro a 30 de novembro deste ano sem usar dinheiro vivo. Todas as operações que realizou foram via WeChat, uma espécie ampliada do WhatsApp, e o Sui Kang, um QR code pessoal que cada cidadão local é obrigado a ter. Até gorjetas e esmolas ele deu por estas ferramentas. No Brasil, gorjetas já são pagas com Pix. Esmolas ainda não.
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