Em tempos de polarização radical e estéril, onde adversários são tratados como inimigos e os espaços de diálogo se encurtam perigosamente, Minas tem feito falta ao Brasil.
A eleição do senador Rodrigo Pacheco para a
presidência do Senado Federal, em 2021, resgatou, em parte, as melhores
tradições mineiras. Com atuação serena e conciliadora, tem sido um pacificador
em tempos de alta temperatura na política nacional. Não esqueçamos nunca a
frase histórica de Tancredo Neves, da sacada do Palácio da Liberdade, em sua
posse como Governador: “O primeiro compromisso de Minas é com a liberdade.
Liberdade é o outro nome de Minas”.
Quem conhece os bastidores da política sabe
que a atuação, às vezes silenciosa, do senador tem sido fundamental para
amenizar os efeitos dos impasses recorrentes entre o Palácio do Planalto, o
Congresso Nacional e o Poder Judiciário. Cabe a ele, agora, em 2022, fixar sua
participação na sucessão presidencial.
A nova configuração no Congresso Nacional
produziu outro fato marcante que homenageia Minas, suas tradições e estabelece
novos espaços de cooperação com o desenvolvimento do país. Com 52 votos entre
os 81 senadores da República, o senador Antônio Anastasia foi eleito ministro
no Tribunal de Contas da União. Poucas escolhas poderiam ser tão felizes e
justas como essa. A votação consagradora é fruto da sua capacidade inegável e do
seu estilo mineiro de conviver com os demais senadores, mesmo nas mais
calorosas polêmicas. Na vida pública não conheci ninguém tão talhado para o
cargo.
Antônio Anastasia reúne uma rara combinação
de talentos nas áreas acadêmica, legislativa e da gestão pública que certamente
frutificará em sua atuação no TCU. Ainda jovem foi um dos principais assessores
do relator da Constituição mineira, deputado Bonifácio Mourão. Ocupou diversas
secretarias e cargos no Governo de Minas, chegando depois ao ápice de sua
trajetória como Vice-Governador e Governador. Foi ainda Secretário-Executivo e
Ministro interino dos Ministérios do Trabalho e da Justiça. Como Senador
aprovou diversas iniciativas correlatas à órbita de atuação do TCU. Soma-se a
isso a formação intelectual que o transformou numa das vozes mais respeitadas
no campo do direito constitucional e administrativo, o que ficou evidenciado em
seu discurso antes da votação. Certamente, dará uma contribuição inestimável à
modernização da administração pública brasileira e ajudará em muito a separação
do joio e do trigo na gestão pública, defendendo os bons e honestos gestores.
Perde o Senado, ganha o TCU. Assumirá seu
suplente, Alexandre da Silveira, que com sua experiência política e
administrativa e sua energia de trabalho, saberá honrar a trajetória de seu
antecessor e manter alta a participação de Minas no cenário nacional.
*Marcus Pestana, Presidente do Conselho Curador ITV – Instituto Teotônio Vilela (PSDB)
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