Folha de S. Paulo
Este já é um dos 7 de Setembro mais
conturbados da história
Independentemente do que aconteça, este já
é um dos 7 de Setembro mais
conturbados da história. Houve momentos de tensão relacionados
à data anteriormente, mas, segundo historiadores, geralmente tratava-se de
episódios isolados, como na província da Bahia em 1839.
Na ocasião, um artigo publicado no jornal Gazeta da Bahia contendo críticas à Independência e afirmando que o país deveria ter continuado unido a Portugal foi censurado com base na legislação vigente. O ato causou tumulto e constrangimento num momento em que a Bahia recém havia saído da Sabinada, revolta contra o Império ocorrida entre 1837 e 1838.
Agora, pela primeira vez em quase 200 anos,
a tensão política é generalizada. Há uma espécie de preocupação nacional pelo
constante clima de ameaça à estabilidade institucional. Milhares de integrantes
dos povos originários passaram as últimas semanas acampados em Brasília para
defender seus territórios da tese do marco temporal.
O sistema eleitoral brasileiro vem sendo
colocado sob suspeição sem que haja fundamentos. E o sistema de freios e
contrapesos é colocado à prova quase o tempo todo. Para piorar, a população
nunca esteve tão armada --literal e figurativamente.
Além dos percalços ainda causados pela
pandemia, que há mais de um ano vem alterando e ceifando vidas, um clima de incerteza,
tensão e medo paira no céu da República Federativa do Brasil neste Dia da
Independência.
No lugar das habituais paradas militares e
dos desfiles escolares ao som da cadência de bandas marciais, a previsão é que
avenidas sejam tomadas por manifestantes dispostos a dar o que estão chamando
de "último grito", em apoio ao governo federal e em oposição ao Grito
dos Excluídos, tradicional manifestação popular, que neste ano reforça a
ausência de direitos básicos numa pátria onde muitos estão passando fome.
Em 2021, mais do que nunca, o Dia da
Independência do Brasil está cercado de incertezas quanto ao futuro.
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