Folha de S. Paulo
Via democrática é melhor alternativa entre
direita autoritária e corrupta e esquerda corrupta e autoritária
Colecionando denúncias por crimes de
responsabilidade, envolvido em rachadinhas
familiares que compram mansões, implicado em negociatas no
âmbito do Ministério da Saúde, Bolsonaro gasta seu tempo exacerbando o
fanatismo de que é objeto, aumentando a tensão entre os Poderes e instigando a
beligerância ideológica e a polarização excessiva tão prejudicial ao país.
É improvável que neste 7 de
Setembro Bolsonaro consiga efetivar o golpe com que almeja
submeter as instituições e estabelecer seu poder personalista, mas não é
impossível que consiga provocar tumulto.
Um grande estrago já foi feito: o país está radicalizado e poucos são os bolsonaristas dispostos a aceitar a derrota eleitoral —cada vez mais provável— de quem bravateou só vislumbrar para seu futuro três alternativas: “estar preso, ser morto ou a vitória.”
Em oposição ao charco bolsonarista,
desenha-se a volta do pântano em que o Brasil foi precipitado nos governos
petistas. Aliás, com vistas às próximas eleições, o PT, partido com
maior experiência em corrupção da história da República, está elaborando um
“manual anticorrupção”.
Lula, que prometeu regular a internet para
que ela “se transforme numa coisa do bem”, é o favorito nas
pesquisas. A expertise acumulada no exercício do poder, a
jurisprudência dos garantistas do colarinho branco e o retrocesso legal no
combate à corrupção viabilizado no governo Bolsonaro tornam o projeto
hegemônico do PT, que foi barrado com o impeachment de Dilma
Rousseff, uma ameaça real.
Aqueles que desejam sair do charco sem cair
no pântano precisam atuar pelo impeachment
de Bolsonaro e, ao mesmo tempo, avançar na construção de uma
candidatura decente como alternativa aos extremos da direita autoritária e
corrupta e da esquerda corrupta e autoritária.
As forças que se articulam nesse sentido
terão, no dia 12 de
setembro, a oportunidade de se manifestar. Essas forças precisam ser
entendidas como a melhor via: a via democrática.
Nenhum comentário:
Postar um comentário