A
situação permite avaliações polares. Uma delas é que Bolsonaro já perpetra,
neste preciso momento, um tantas vezes cogitado autogolpe, agora com razoável
chance de êxito, o que exige mobilização para a resistência, da sociedade
organizada, partidos políticos e dirigentes das instituições, sob pena do fato
se consumar irreversivelmente. Outra avaliação é que ele confunde desejo com
possibilidade de ser ditador numa democracia e, nesse caso, cabe remetê-lo a
Gilberto Gil, recentemente reconhecido como imortal no nosso país: “Se oriente,
rapaz!” (...) pela rotação da Terra em torno do Sol”. Nas entrelinhas desse
enredo ambivalente respira uma terceira avaliação, de que não se está nem no
alto mar, nem na terra firme. Estaríamos suspensos no ar, em busca de areia e
águas mornas de uma baía. Aterrissemos.
Usando um lugar comum, digo que a relativa confiança em que os movimentos ríspidos do nosso açodado candidato a Putin poderão ser refratados não nos dispensa de refletir a sério sobre as armadilhas de mais esse teste a que ele submete as instituições republicanas. Por prudência política façamos a seguinte pergunta: se pela Constituição cabe ao STF dar a última palavra num conflito entre Poderes, que apoio político e social é preciso e haverá para que essa prerrogativa seja exercida no instante em que o presidente intenta tratar o STF como parte de um contencioso consigo? A intenção mais abrangente da aventura parece óbvia: ou o STF cede e legitima a anarquia, ou ele (Bolsonaro) colocará no bolo, de novo, o suposto poder moderador das forças armadas para conjurá-la.
O
ponto aqui não é se essas duas hipóteses pertencem ao mundo real. O ponto inicial
da discussão é o reconhecimento do tipo de boçalidade extremista com a qual o
país se vê obrigado a lidar. O termo autoritarismo é genérico demais e não dá
conta do recado. A coisa está melhor retratada, sem maquiagem, na
nota-manifesto do general da reserva Eduardo José Barbosa, Presidente do Clube
Militar, alvejando o STF no dia seguinte à cabeçada presidencial: Lamentável
termos, no Brasil, ministros cujas togas não serviriam nem para ser
usadas como pano de chão, pelo cheiro de podre que exalam.
Sim,
lamentáveis termos, que expressam o universo em que se engaiola o “pensamento”
do presidente. O posto ao qual ascendeu não lhe permite expressar de modo tão
singelo os seus ressentimentos, como pode fazer o general aposentado. Mas não é
outra a “visão de mundo” que leva Bolsonaro a usar o relativo poder que tem
para perseguir a sua democracia com aspas próprias, “verdadeira” e absoluta,
como é a do esperançoso signatário do panfleto. Fantasmas de porões ditatoriais
pretéritos, exorcizados, ainda na década dos 70, por seus próprios pares da ordem
autoritária então empenhados em distender o regime iniciado em 64, voltam a
assombrar o país com métodos terroristas. A figura simbólica do deputado Daniel
Silveira chantageando a República lembra a bomba destinada a um massacre de
artistas e público de um show de música popular no Rio Centro, em 1981. Os
Silveiras daquele tempo estavam inconformados com a abertura e sua conversão na
transição democrática que varreria o regime que seus parceiros de farda ainda tentavam
atenuar para conservar. Os Silveiras de hoje estão inconformados com a
proximidade do momento eleitoral, que promete encerrar a depressão política, graças
à qual puderam pisar novamente os corredores do palácio e acessar suas benesses.
Por
enquanto não se enxerga um general Geisel entre os muitos militares envolvidos
na relação (de guerra fria ou trégua, não se sabe) que pode estar havendo entre
o palácio e quartéis. Do mesmo modo, na política, não se vislumbra quem possa
vir a ser o Petrônio Portela, ou mesmo o Golbery, do centrão. Não cabe esperar
que um acaso providencial nos salve de novo e a bomba vire bumerangue, como a
de 1981, explodindo precocemente no colo do terrorista, volta do cipó de
aroeira no lombo de quem mandou dar. Em décadas de transição e de democracia o
Brasil aprendeu outro idioma, que anda em desuso e precisa sair do armário para
assegurar que o extremismo não passará. Se é o caso de resistir às marradas da nova
linha dura, isso tem de começar dentro do Estado e suas instituições para concluir-se
nas urnas e, se preciso, nas ruas, numa onda de fora para dentro dos espaços de
poder hoje infestados pelo cheiro do golpismo. Isso posto, podemos voltar à análise
com menos risco de autoengano.
O
necessário que reluz
Bolsonaro
arrisca quase tudo. Parece avaliar que não há vontade ou capacidade dos
dirigentes das instituições, dos atores políticos e da sociedade civil de unirem-se
para contestar a legitimidade do seu ato. Ao crer nisso ele expõe o país - e
não apenas o Supremo Tribunal - ao teste supremo.
Os
crimes do ainda deputado Daniel Silveira foram contra a Constituição. O
criminoso é pessoa ligada a Bolsonaro. Pelo primeiro fato, o ato do presidente,
se aceito, o colocará acima da Constituição; se repelido, evidenciará que
praticou crime de responsabilidade por cumplicidade com o ataque à Carta; pelo
segundo fato, evidencia-se que essa gracinha foi abuso de poder do Presidente em
causa própria e sua aceitação abriria um precedente gracioso para que o ato
criminoso fosse repetido sem temor à Lei.
Estamos
diante de uma situação-limite que embora peça calma e espera, pela posição
institucional do seu provocador, não permite atitude de mera negociação. Essa é
uma preliminar. O gesto de Bolsonaro e a questão que criou são políticos e
precisam ser politicamente tratados, não pelo varejo da pequena política, mas a
nível de uma ação coordenada de todo o campo democrático. Para respaldar o
exercício da função moderadora que por direito o STF cumpre, uma sensação de
poder reconhecido precisa reluzir, como energia emanada da grande política e
direcionada ao STF, atando sociedade política e sociedade civil. Bolsonaro não
blefou, tem cartas fortes na mão, mas pagou para ver de modo apressado e muito arriscado.
A República está desafiada a mostrar que seu jogo é superior. Eis o teste
supremo.
O
conflito institucional provocado pelo Presidente, uma vez debelado, como se
espera, terá tradução e desdobramento óbvios no plano eleitoral. Mesmo não
vencendo completamente uma queda de braço, Bolsonaro poderá ter ao seu lado, no
Rio de Janeiro e sabe-se mais onde, um candidato plebiscitário a senador ou,
não o tendo, usará o impedimento legal como exemplo “cabal" de que o STF
não é politicamente isento e que o persegue e a seus aliados. No primeiro caso envenenará
seu palanque com um personagem truculento, de discurso fascistóide. No segundo,
usará um argumento de alta visibilidade para deslegitimar as eleições. Paciência!
Às oposições não pode faltar a lembrança de que esse será só um dos fatores do
resultado eleitoral. Pergunta cabível é até onde irão políticos do centrão na
jornada eleitoral comum que organizam em causa própria, com Bolsonaro e também
para ele.
Sei
que muitas pessoas consideram essa questão definitivamente respondida. Seria um
ir e vir “por toda a vida’. Não estou
entre esses convictos. Aqui não cabe a resposta de Florentino Arizza,
personagem de Garcia Marques, ao capitão do seu navio. Os tempos são de cólera,
mas a relação nada tem a ver com amor. O arranjo político atual, que tem
contido alguns ímpetos do presidente e permitido uma gradual recuperação - sua
e do governo - em pesquisas, não foi até aqui capaz de atenuar a sua rejeição.
Se esse conflito institucional se precipitar em crise aberta esse arranjo poderá
ficar por um fio.
Dentro
do campo democrático, quem raciocina apenas com o metro eleitoral deve estar
mais animado com a recaída do capitão. É bem possível, como se tem comentado,
que isso lhe custe votos no eleitorado mais politizado, no sentido da democracia,
sem ter suficiente compensação nos segmentos mais indiferentes ou refratários a
esse valor, porque a animosidade pública contra o STF, por mais que seja
insuflada durante a campanha, talvez não seja maior do que a percepção,
igualmente popular, de que se trata de uma “briga de branco”. Tudo bem, ainda
que se aceite esses argumentos e sua correlata expectativa positiva, temos de
volta um tema que recorrentemente aparece, desde que Bolsonaro se empossou e
passou a trabalhar sem descanso para prolongar seu tempo no poder para além das
“quatro linhas”. Nada nos autoriza a pensar – ainda mais diante desse mais novo
arreganho - que a via eleitoral seja o seu plano A. Que busca apoio popular não há dúvida, mas
desde que o muro da rejeição se atravessou no seu caminho, a serventia do apoio
é deslegitimar, mais que fazer ganhar as eleições.
A
impressão geral de que a operação golpista ora em curso foi mais bem preparada
e cercada de cuidados políticos que a do último setembro não pode ser contestada.
É fato que nesses oito meses o esquema governista teve ganhos de racionalidade
política capazes de diluir os efeitos da personalidade e das crenças autocráticas
do presidente, do que resultou a superação do isolamento em que se encontrava
naquela oportunidade. Enfrenta-se agora um golpismo mais consistente e perigoso,
porém, isso não converte a diferença entre os dois momentos num contraste entre
água e vinho, até porque se chegasse a ser uma articulação ampla, não teria como
permanecer golpista. Algumas versões veiculadas na imprensa acerca de
bastidores da decisão pelo decreto da graça recomendam relativizar a impressão de
boa articulação política e racionalidade estratégica que o bolsonarismo quer
passar. Também sugerem que não se deixe de lado hipóteses mais ligadas a virtuais
segredos que enlaçam o presidente ao deputado, um submundo por ora insondável, mais
secreto que o das emendas ao Orçamento.
Segundo
a jornalista Andrea Sadi (G1), a decisão teve aval dos militares do governo e
foi costurada pelo núcleo “bolsonarista-raiz”, na contramão do que aconselhou o
centrão, que só propunha salvar Silveira da cassação, já que ele não escaparia
da prisão. Bolsonaro teria aderido ao roteiro do “núcleo duro”. O argumento do
centrão de que esse roteiro levaria a nova crise institucional, em vez de
dissuadir, confirmou exatamente aquilo que anima as extremas-direitas, a civil
e a fardada, às quais interessa tensionar as relações com o Judiciário como
forma de intensificar a campanha pela suspeição das urnas. Mas por que
interessaria pessoalmente ao Bolsonaro candidato, que se encontrava em viés de
alta? Ele não aposta na eleição como plano A por que não quer, ou por que não
pode? E se não pode é só por causa da dianteira de Lula ou por razões do
insondável que habita o palácio? As perguntas não calam.
Em
linha próxima à de Sadi foi uma matéria assinada por Vinicius Dórea, do Correio
Braziliense, na edição de 23.04. Por essa versão, os líderes do centrão
passam de parceiros vencidos nos bastidores a parceiros simplesmente ignorados.
Bolsonaro teria ouvido apenas “auxiliares mais próximos”, inclusive militares ligados
ao núcleo do palácio. Mesmo o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, não teria
sido consultado, tendo a conspiração sido compartilhada com o gal. Braga Neto,
o ministro da Justiça e o advogado-geral da União. A versão “política”, preparada
para veiculação, era a de que, com o uso do dispositivo constitucional da
graça, o Supremo e não Bolsonaro seria o causador da crise institucional.
Ainda
que essas versões procedam, nada disso gerou reação negativa de políticos do
centrão. Ao contrário, vencidos ou ignorados, apoiaram o decreto. Mas as
circunstâncias não devem passar despercebidas porque o processo promete demorar
e seus desdobramentos ainda não podem ser previstos. Dependem de reações
externas ao ambiente palaciano, STF aí incluído, mas não só ele.
Analistas
têm frisado, com razão, certa “naturalização” de investidas bolsonaristas, muitas
vezes vistas como arroubos, dada a crença na capacidade dissuasiva do centrão,
a qual supostamente cresceria à medida em que o grupo se apossa de instrumentos
de governo. Cresceu o número de adeptos da crença em (ou, na imagem de)
Bolsonaro como títere a quem se dá o desfrute de brincar de chefe, mas não de
efetivamente mandar. Assim, seu ato insólito do feriado causa perplexidade e certa
demora na reação.
Preocupa,
particularmente, a posição do Congresso. A interpelação de Arthur Lira ao STF
quanto à cassação do mandato de Silveira, embora tenha sido uma abordagem voltada
à fixação de regras permanentes, induz a situar a posição da Câmara dentro do ceticamente
esperado, entre a neutralidade e a conivência. Mas a posição do Senado, de
certo modo surpreendeu e decepcionou.
Mais
preocupante na nota do presidente Rodrigo Pacheco não foi o descarte da
hipótese de um decreto legislativo anular o do presidente. Ele poderia ter
justificado essa posição de várias maneiras, pela não invasão de prerrogativas
de outro Poder (ainda que Bolsonaro a tenha exercido de modo arbitrário), pela
ausência de respaldo político no plenário, pela intenção de não aumentar a
temperatura política, enfim, poderia ser uma posição criticável, mas, em última
instância e com certa tolerância, admissível. Mas Pacheco, na nota, foi além e
tentou dar uma justificativa jurídica para o decreto de Bolsonaro, como se aquele
tivesse sido um ato juridicamente perfeito. Alinhou-se ao ponto de vista do
presidente e antecipou-se ao pronunciamento do STF, a quem cabe e caberá fazer
o controle da constitucionalidade. Na hipótese
de o tribunal declarar nulo o decreto, a nota do Senado já terá aberto uma discrepância.
Outro ponto é a relativa lentidão nas
respostas da sociedade civil. A OAB posicionou-se bem, mas não sem antes deixar
no ar a impressão de que se trata de assunto passível de controvérsia. É juridicamente
compreensível, mas o timing político não deixou de preocupar, por ter
deixado o STF exposto a um ataque sem resposta bem pronta da associação
profissional da área mais sensível ao tema. Mas as respostas chegam e de modo vigoroso. Uma carta da coalizão Pacto
pela Democracia, assinada por mais de 80 entidades, tomou posição e
incentiva outros setores da sociedade a também agirem com assertividade. Da
grande imprensa vieram editoriais contundentes e convergentes, caso de O
Estado de São Paulo, em 23.04, que conclui exortando Congresso e PGR a “exercerem suas
atribuições constitucionais de controle dos atos do Executivo”, arrematando com a
lembrança de que “Na República, há limites”. Caso também do editorial da Folha de São
Paulo, na véspera, sob o título “Indulto à arruaça”.
A
preocupação em intensificar e acelerar as manifestações dos mais variados
quadrantes da sociedade civil justifica-se porque, enquanto seus atores se
entendem e se articulam para intervir, cada qual ao seu modo e no seu próprio
tempo, a narrativa bolsonarista inunda as redes, continuando a colocar na
berlinda o ministro Alexandre Moraes, como logo fará também com Rosa Weber, a
relatora sorteada para se pronunciar sobre as ações judiciais de variadas
naturezas já impetradas e/ou assinadas por vários paridos e lideranças políticas.
Os dois são alvos centrais, simbólicos, na batalha da comunicação.
Nesse
contexto veloz e acinzentado ganham importância posicionamentos de lideranças envolvidas
no processo eleitoral, especialmente pré-candidatos presidenciais. Houve unidade
nos pronunciamentos iniciais de Ciro Gomes, João Dória e Simone Tebet, sobressaindo
a convergência na crítica severa ao ato de agressão à Justiça e à Constituição.
Se falta a convergência completar-se com a palavra de Lula, de todo o modo seu
partido e correligionários manifestaram-se dentro dela. O caso particular de ser
pré-candidato líder das pesquisas talvez explique sua cautela, já que em hora de
alta polarização entre ele e o presidente golpista, sua fala individual não só
robusteceria o coro democrático, como poderia causar também repercussões
imprevistas nessa polarização eleitoral. Se se compreende isso, por um lado,
por outro há que se dar prioridade à conveniência da manifestação unitária e
conjunta de todos os pré-candidatos democráticos apoiando o STF e refratando o golpismo
de Bolsonaro.
No
meio jurídico não há unanimidade (Ives Granda voltou a respaldar a tese das FA
como poder moderador), mas reluzem manifestações em prol de um limite
intransponível à paciência e à tolerância do Judiciário para com o script golpista.
Miguel Reale Jr. e Ayres de Brito são exemplos conspícuos. Do primeiro ouve-se
que, não obstante o que o Congresso fará, o STF deve fazer sua autodefesa para
não ser anulado como Poder, chegando a qualificar a situação criada como “véspera
de ditadura”. Para Ayres, além de
flagrante desvio de finalidade, o decreto é de “inconstitucionalidade bem patente, eu diria até autoevidente, sem
embargos”. Em artigo, Carlos Veloso, também ex-presidente do STF, converge.
Onde
se esconde o possível?
A
noção do perigo institucional tem provocado interpretações e posições políticas
mediadoras. Pode-se resumir as que surgiram até aqui em duas linhas estratégicas
distintas para frustrar a escalada desejada pelo presidente. Uma propõe que o
STF recue, aceitando parcialmente o decreto da graça. Abrir-se-ia mão da prisão,
mantendo-se a cassação e perda de direitos políticos do deputado. A outra parte da premissa de que o STF não
pode recuar, mas deve diluir num tempo político a resposta às interpelações.
A
primeira estratégia tem passagem ampla inclusive em áreas da esquerda candidata
ao protagonismo eleitoral, a princípio inclinada a que se conduza as coisas de
modo a preservar antes de tudo as eleições. De fato, é razoável imaginar que se
está diante de tentativa de virada de mesa por quem pressente a derrota nas
urnas. A solução jurídica apresentada frustraria a provocação. Uma aluna atenta
a implicações políticas dessa solução pontuou, em linha com pontos de vista
presentes na discussão pública, que ela alimentaria um contexto político já marcado
pelo agravamento da erosão democrática. No frigir dos ovos, Bolsonaro ganharia
o que quer: instabilidade e dúvidas quanto à competência e a impositividade do
STF. Além do mais, se as posturas de Lira e Pacheco se explicam por razões
políticas. quais razões explicariam um recuo do STF? Se aceitar esse decreto, garantirá eleições em
segurança?
A
segunda estratégia moderadora, na qual suponho inserem-se movimentos do
ex-presidente Temer, convive melhor com aspectos da querela que, para o STF,
devem ser inegociáveis, não cabendo sobre eles tergiversação, embora possa e
deva caber adiamentos de decisão, para dar tempo a revisão de condutas dos
demais atores. Entre eles há o do STF ter a última palavra.
Bolsonaro
pagou pra ver de novo, respondendo com um simplório não. Será preciso coordenar
o jogo antes de mostrá-lo, então. Sem açodamento, o correr de alguns dias pode servir
para soldar a unidade dos campos distintos que são contrários ao golpe e para
erodir o acordo antidemocrático que Bolsonaro armou para sustentá-lo, inclusive
com a complacência do centrão. O teto da armação é baixo, seu tempo o curtíssimo
prazo. Seu sucesso depende de adversários agirem sob pressão, sem coordenação.
A República precisa impor o timing. O Pacheco que falou ontem não é
exatamente o mesmo que assinou a nota. O golpe não resiste ao teste de um tempo
bem medido e usado com sentido de unidade. Se as instituições forem firmes e as
oposições pacientes, ele não passará.
* Cientista político
e professor da UFBa.
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