Folha de S. Paulo
É preciso que o mundo político puna
Valdemar e seu partido pela adesão ao golpismo
Quando o Partido Liberal de
Valdemar Costa Neto resolveu apoiar o golpe de Estado de Jair
Bolsonaro, todos os que acompanham política brasileira concluíram a mesma
coisa: é por dinheiro. Ao mesmo tempo, todos se perguntaram: de onde está
saindo o dinheiro para o Golpolão do PL?
A resposta é simples: em 2022, os fascistas
de Bolsonaro concorreram pelo PL. Graças a isso, o partido, que sempre foi meio
ladrão, mas até outro dia não era fascista, defensor de assassinato em massa
por falta de vacina ou da legitimidade de que se "pinte um clima"
entre adultos e meninas de 14 anos, tornou-se a maior legenda da Câmara.
Segundo a jornalista Maria Cristina Fernandes, se Valdemar não abraçasse o golpe, a ala bolsonarista do PL deixaria a legenda antes da posse do novo Congresso. O tamanho da bancada determina quanto cada partido vai receber dos fundos partidário e eleitoral. Por isso, Valdemar precisa segurar os fascistas no PL até que eles sejam contados a favor dele na divisão dessa grana.
Por isso, o maior partido do Parlamento
brasileiro está tentando
anular os votos das urnas em que os pobres votaram, de modo a garantir
que um fascista que causou a morte de centenas de milhares de brasileiros
durante a pandemia possa dar um golpe de Estado.
Por grana.
Valdemar topa colocar em risco o voto de
mais da metade dos brasileiros que votou em Lula, incluídos aí
dois terços dos brasileiros mais pobres, Valdemar topa colocar em risco décadas
de construção da democracia, Valdemar topa numa boa garantir foro privilegiado
aos assassinos da pandemia, desde que role um trocado.
Não deixa de ser um consolo saber que
Valdemar não apoia o fascismo sinceramente. Isso, aliás, é consistente com sua
trajetória: ele sempre apoiou todo mundo, mas nunca sinceramente.
Por outro lado, a adesão, mesmo que temporária, do PL ao golpismo prorroga a
precariedade da democracia brasileira dos últimos anos. Em troca de dinheiro, o
centrão sempre foi com Bolsonaro até a véspera do golpe, mas sempre o abandonou
na hora da decisão. O que vemos agora é que os golpistas ainda conseguem
mobilizar dinheiro suficiente para prorrogar essa agonia.
E o golpolão ainda pode ter consequências
piores. Por orientação de Bolsonaro, o PL tentará atrapalhar a aprovação da PEC
que garantirá o pagamento do Bolsa Família.
Isto é, Jair Bolsonaro deu a ordem de não deixar que Lula possa pagar o Bolsa
Família aos pobres brasileiros, e Valdemar deve cumpri-la. Se isso der certo,
em fevereiro de 2023, os pobres brasileiros não ganharão Bolsa Família, mas
Valdemar ganhará uma fortuna do fundo partidário.
Finalmente, o golpolão é uma aula sobre o
que seria um golpe de Jair Bolsonaro: seria um golpe de ladrões, porque o
bolsonarismo é um movimento político de ladrões. Os políticos bolsonaristas têm
defeitos tão horrendos, tão piores que os dos outros políticos brasileiros, que
o fato de que também são ladrões às vezes passa despercebido. A ladroagem não é
nem o quarto ou o quinto entre seus piores defeitos. Mas são ladrões.
É preciso que o mundo político brasileiro
puna Valdemar e o PL pela adesão ao golpismo. O golpolão não é a corrupção
brasileira que sempre parasitou nossa democracia, é uma mutação do parasita que
ameaça matá-la.
Um comentário:
O colunista tem total razão!
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