segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Ana Cristina Rosa - O antirracismo e os negócios

Folha de S. Paulo

São Paulo promove nesta semana 1ª Conferência Empresarial ESG Racial

Quando será que as empresas em operação no país vão finalmente perceber que atuar de acordo com parâmetros ambientais, sociais e de governança —o chamado ESG, do inglês "environmental, social and governance"—, focando também em ações antirracistas, é bom para os negócios?

Nesta semana teremos um vislumbre do nível de maturidade do tema em nossas corporações. Nos próximos dois dias (29 e 30), acionistas de grandes empresas, representantes do terceiro setor, investidores institucionais, CEOs e integrantes dos movimentos sociais negros debaterão o tema em São Paulo na 1ª Conferência Empresarial ESG Racial.

Indicadores e dados sobre as disparidades entre as situações vividas por negros e não negros no Brasil existem em abundância e são de esmaecer os ânimos de qualquer entusiasta das causas dos direitos humanos. Especialmente quando se tem conhecimento das desanimadoras estimativas para que pretos e pardos consigam ter acesso às mesmas oportunidades que os brancos no Brasil: quase 116 anos, segundo o Índice Folha de Equilíbrio Racial.

Resta saber o grau de disposição dos investidores para avançar em ações concretas que gerem impacto efetivo para mudar a situação a médio e longo prazo. Vale lembrar que a promoção da equidade racial é também economicamente oportuna diante do poder de consumo da população negra brasileira, estimado em R$ 1,7 trilhão.

Fato é que as iniciativas ainda são muito tímidas para um país de maioria negra (56% da população) que possui em seu parque industrial 23 corporações entre as maiores de capital aberto do mundo.

Dos milhares de grandes empresas em operação no Brasil, uma minoria executa e apoia iniciativas de promoção de equidade racial. Em geral, são motivadas pela percepção de que essa é uma forma de lapidar e reter talentos e de gerar impacto positivo na reputação. Pelo menos entenderam que o antirracismo também é um bom negócio.

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