Folha de S. Paulo
Lula, de novo, mostra-se condescendente com
seus ministros
Ao assumir seu terceiro mandato, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva se deparou com cofres e bolsonaristas instalados nas salas do Palácio do
Planalto.
Dispostos em gabinetes para guarda das
armas de militares que ocupavam cargos de destaque no governo de Jair
Bolsonaro (PL), os 48 cofres vêm sendo retirados, um a um. Já
os bolsonaristas ainda persistem por lá.
Na Presidência, o Gabinete de Segurança Institucional é apontado como reduto desses remanescentes. Com suas portas sempre fechadas, o GSI acolhe no segundo andar do Planalto até mesmo bolsonaristas recém-desligados de ministérios vizinhos.
À frente do GSI até a
revelação de sua interação com os invasores de 8 de janeiro, o
general Gonçalves Dias —o GDias— tinha como tarefa a reorganização de seu
gabinete para reconquistar a confiança de Lula e reassumir a segurança do
presidente.
Essa sempre foi a atribuição do GSI, até a
suspeita atuação de seus servidores diante dos vândalos que depredaram o
Palácio do Planalto em janeiro.
Em 21 de janeiro, um decreto presidencial
criou a Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata do Presidente e fixou
30 de junho como prazo para que o GSI estivesse apto a reassumir essa função.
GDias não só falhou nessa missão: 101 dias
depois da depredação das sedes dos Três Poderes, vieram à tona imagens em que o
general conduz os invasores à saída do Palácio do Planalto.
As cenas serão usadas por bolsonaristas
para construção da esdrúxula versão de que os atos de vandalismos foram
produzidos pelo governo para abalar a reputação de seus opositores.
Esse argumento tosco poderia ter sido
desidratado se Lula tivesse exonerado GDias no dia 9 de janeiro. Mas preferiu
esvaziar seu poder.
Lula já mostrou-se condescendente com seus
ministros. Em 2005, José Dirceu deixou a Casa Civil dez dias após a eclosão do
escândalo do mensalão.
Em 2006, Antonio Palocci foi demitido uma
semana depois de Lula saber que seu ministro da Fazenda havia quebrado o sigilo
bancário do caseiro Francenildo Costa.
Mas, no caso de GDias, a demissão aconteceu
com cem dias de atraso.
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