Folha de S. Paulo
Investigado pela PF, governador elogia Lula
pensando na própria pele
Cláudio Castro claudica. Vive atualmente seu
pior momento. Incapaz de rebater as críticas à atuação do governo diante
das chuvas que
castigaram o estado, deixando 12 mortos; imóvel, como se tivesse pés
e mãos amarrados, para enfrentar o problema da segurança pública; e pendurado
num rombo de R$ 8,5 bilhões no orçamento de 2024.
Ainda vê o cerco da Polícia Federal se fechar em torno dele, correndo o risco de não terminar o mandato. Um fato já trivial no Rio, cujos governantes, ao longo dos últimos 50 anos, a começar pelo cacique Chagas Freitas, construíram uma azeitada máquina de corrupção, populista e clientelista, que se move por meio de mecanismos ocultos e autômatos. Não importa quem esteja no comando. Voraz, o sistema iguala vocações, mediocridades, partidos e ideologias. É uma espécie de vício político contra o qual não se consegue lutar.
Cláudio Castro começou a dar defeito. E
parece ter entrado na fase de remanejamento das peças. Ao autorizar a busca na
casa de Vinicius
Sarciá, irmão de criação do governador, o ministro Raul Araújo, do
Superior Tribunal de Justiça, viu "indícios suficientes da prática de
crimes".
O relatório da PF aponta que Castro recebeu
cerca de R$ 400 mil em sete pagamentos indevidos – propinas – entre 2017 e
2019, período em que foi vereador e vice-governador. O titular Wilson Witzel,
que se elegeu na onda bolsonarista e em seguida se tornou adversário do
capitão, foi defenestrado do cargo com incrível rapidez, sob a acusação de
desvios na Saúde durante a pandemia. As investigações sobre o vice, no entanto,
entraram em banho-maria. Até agora.
O governador – que apoia Alexandre Ramagem, o
candidato de Bolsonaro a prefeito do Rio – aproveitou a tragédia das
chuvas para elogiar
Lula: "É um político experiente, nunca fomos inimigos".
Foi um pedido de help, menos para as vítimas das enchentes e mais para si
mesmo.
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