O Estado de S. Paulo
Mais do que a guerra de Israel, é a posição de Lula que divide empresários e intelectuais
Em sua reação a uma fala impensada do
ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, a Confederação Israelita do
Brasil (Conib) voltou a pedir “equilíbrio e moderação” das lideranças e
autoridades diante da guerra de Israel e acrescentou: “Para não importar as
tensões do Oriente Médio para o Brasil”. Parece tarde demais. Assim como
famílias e amigos romperam por causa da polarização política interna,
empresários, artistas e intelectuais guerreiam a favor e contra a posição do
Brasil sobre os ataques israelenses aos palestinos. O bombardeio é por
manifestos e em torno de uma palavra: genocídio.
Com uma biografia estonteante, de altos e baixos, Genoino foi por décadas o homem do diálogo entre esquerda, centro e direita no Congresso, o melhor porta-voz informal do PT para jornalistas e uma imprescindível presença entre as várias tendências petistas. De todos os condenados do mensalão, foi o que pagou o preço mais injusto.
Tornou-se assim o mais ressentido, um radical
extemporâneo, e admitiu numa live até o boicote a “empresas de judeus”,
atraindo, após anos de discrição e recolhimento, os holofotes e a ira da
comunidade judaica. A Conib acusou sua fala de “antissemita”, lembrando que o
boicote aos judeus foi uma das primeiras medidas do regime nazista que
culminaram no Holocausto.
Se a Conib e o Instituto Brasil-Israel
produzem manifestos em série e um grupo de empresários, executivos, cientistas
e uma ex-ministra do Supremo aderem e condenam o apoio do governo Lula à ação
da África do Sul contra Israel por genocídio, agora emerge, um tanto
tardiamente, mas com força, o outro lado.
Ex-ministros, parlamentares e embaixadores
aposentados vão no sentido contrário, defendendo a posição de Lula, destacando
a “primazia dos Direitos Humanos” no artigo 4.º da Constituição e lembrando o
êxodo das famílias, a morte de 25 mil palestinos, as amputações e cirurgias sem
remédios e anestesia e a transformação de Gaza num “cemitério de mais de dez
mil crianças”.
Se o professor, escritor e exchanceler Celso
Lafer, de família judia da Lituânia, rebate a acusação de genocídio contra
Israel “à luz do direito”, a economista Zeina Latif, filha de palestino, foca
nos bombardeios, nas mortes, na destruição, na fome e no êxodo em Gaza e
conclui: “Nem mesmo discussões semânticas mais cuidadosas conseguirão empanar o
desastre a que se assiste”.
Independentemente de apoiar ou condenar a
ação da África do Sul contra Israel na Corte Internacional de Justiça de Haia,
o resultado da decisão de Lula, portanto, é o que menos se queria e se quer:
“importar as tensões do Oriente Médio para o Brasil”, como alerta a Conib.
Um comentário:
Conforme o que a mesma Catanhêde transcerveu: Zeina Latif:“Nem mesmo discussões semânticas mais cuidadosas conseguirão empanar o desastre a que se assiste”.
Então, é nisso que dá este texto da Catanhêde: algumas linhas para defender uma 'isenção' do governo brasileiro, para não desagradar os "lobbies" de sempre. Que belo jornalismo. Leiam o Guardian, o Google traduz
Postar um comentário