Valor Econômico
Candidata democrata está avançando sobre
Donald Trump e vários fatores devem impulsionar candidatura e consolidar
favoritismo
A democrata
Kamala Harris está avançando sobre o republicano Donald Trump nas
pesquisas de intenção de voto e começa a surgir como possível favorita, a pouco
menos de três meses das eleições presidenciais nos EUA. Uma série de fatores deve impulsionar a sua
candidatura nas próximas semanas e pode consolidar esse favoritismo. A
situação da economia americana parece ser hoje o maior risco para a democrata.
Praticamente todas as recentes pesquisas de intenção de voto nos EUA indicam situação de empate técnico entre Kamala e Trump. Mas, na última semana, a democrata aparece numericamente à frente do republicano na maioria das sondagens. Isso é uma reviravolta na disputa, já que Trump sempre apareceu à frente ao longo deste ano.
Segundo o agregador de pesquisas
RealClearPolitics, Kamala superou Trump em 5 de agosto na média das pesquisas e
ontem aparecia com 45,3%, contra 44,5% de Trump e 5,5% do independente Robert
Kennedy Jr. Já o agregador FiveThirtyEight coloca Kamala mais de dois pontos à
frente de Trump, com 45,7% x 43,4% (Kennedy aparece com 5,1%).
Essas diferenças não bastam para garantir uma
vitória de Kamala. A eleição americana não é definida pela soma do voto
popular, como no Brasil, mas por um complexo sistema de votação num Colégio
Eleitoral. Nas últimas oito eleições presidenciais nos EUA, o candidato
democrata obteve a maior votação popular em sete, mas venceu em apenas cinco
delas. Em 2000, com George W. Bush, e em 2016, com Trump, os republicanos
ganharam no Colégio Eleitoral, mesmo ficando atrás no voto popular. Isso
significa que Kamala precisa de uma margem de segurança no voto popular para
obter a vitória no Colégio Eleitoral. Analistas estimam essa margem em cerca de
3 pontos. Biden, por exemplo, venceu com 4,5% de votos a mais do que Trump em
2020.
Tão ou mais importante que a vantagem nas
pesquisas nacionais é a situação nos sete Estados considerados decisivos para a
vitória na eleição presidencial americana. As pesquisas mais recentes indicam
empate técnico entre Kamala e Trump em todos esses Estados, numa melhora em
relação a Biden, que aparecia atrás em todos eles. Pesquisa NYTimes/Siena desse
sábado (10/07) aponta Kamala 5 pontos à frente em Michigan, 6 pontos em
Wisconsin e 2 pontos na Pensilvânia. Essas diferenças continuam dentro da
margem de erro, o que indica empate técnico, mas a democrata parece estar
ganhando terreno.
É provável que a dianteira numérica de Kamala
nas pesquisas se amplie nas próximas semanas. Desde 21 de julho, quando se
tornou a virtual candidata democrata, após a desistência do presidente Joe
Biden, ela vem se beneficiando do entusiasmo inicial com a sua candidatura e da
ampla exposição que vem tendo na mídia e nas redes sociais. A escolha do
candidato a vice, Tim Watz, manteve alta essa exposição. Daqui a uma semana
começa a convenção nacional do Partido Democrata, que irá formalizar a
candidatura de Kamala. As convenções partidárias são um show mediático e
costumam gerar um impulso nas pesquisas para o candidato do partido.
Kamala vai se beneficiar ainda de uma
arrecadação recorde de verba para a sua campanha eleitoral. Em julho, a
campanha democrata levantou US$ 310 milhões em doações, a maior parte após a
desistência de Biden. Isso é mais do que o dobro da verba arrecadada por Trump
(US$ 138,7 milhões) no mês. E 66% dessas doações vieram de novos doadores, num
sinal de que a entrada de Kamala na disputa energizou a base democrata. Essa
verba deve dar a ela um poder de fogo elevado na propaganda eleitoral.
Outro fator que joga a favor da democrata é a
dificuldade da campanha republicana de responder à entrada de Kamala na
disputa. Trump ainda não conseguiu encontrar um discurso eficiente contra a sua
nova adversária. A principal aposta foi culpá-la pela entrada recorde de
imigrantes ilegais em 2023, mas isso teve pouco efeito até agora, até porque a
entrada de imigrantes caiu bastante desde o início deste ano.
A nova situação vem fazendo Trump cometer
seguidos erros. Nesta semana ele tuitou que Kamala roubou ilegalmente a
candidatura de Biden e que o presidente iria tentar retomá-la na convenção
democrata, o que é um absurdo. Em 31 de julho, num encontro com jornalistas
negros, Trump questionou a identificação de Kamala como negra e sugeriu que ela
estaria enganando os eleitores sobre isso. “Eu nem sabia que ele era negra até
alguns anos atrás, quando ela se subitamente se tornou negra e agora ela quer
ser conhecida como negra.” Kamala é filha de pai jamaicano e mãe indiana, ambos
imigrantes nos EUA. Ela participa de movimentos negros desde a juventude.
Trump também teve de recuar em relação ao
segundo e último debate presidencial. Inicialmente ele disse que não
compareceria, pois acertou debate com Biden, não com Kamala. Depois tentou
levar o debate da TV ABC, onde estava programado, para a Fox, que o apoia. Por
fim, anunciou na semana passada que participará do debate na ABC, num provável
reconhecimento de que está ficando para trás nas pesquisas.
Trump nem conseguiu ainda encontrar um
apelido jocoso eficiente para Kamala. No caso de Biden, o republicano costumava
se referir a ele como Sleppy Joe (algo como Joe Soneca).
Aparentemente está acontecendo algo que
analistas já previam: que o republicano teria dificuldade contra um novo
candidato democrata. Biden e Trump eram a dupla de candidatos presidenciais
mais rejeitada da história política americana, segundo pesquisas. Os problemas
de idade de Biden vinham, porém, ofuscando a rejeição a Trump. Agora o
republicano passou a ser o candidato problema.
É impossível saber se a recente ascensão de Kamala nas pesquisas é um fenômeno temporário ou se vai continuar. Nem se há um teto para essa subida. Kamala e seu vice sofrerão um escrutínio maior até a eleição e podem também cometer erros. Mas, por ora, o maior risco para a candidata democrata parece ser o crescente temor de uma recessão nos EUA ou de uma queda acentuada dos mercados, que poderia azedar o humor dos eleitores americanos em relação ao atual governo democrata, do qual Kamala faz parte.
Um comentário:
Daqui a pouco, depois de perder as eleições e começar a cumprir as penas a que foi CONDENADO, o GRANDE MENTIROSO e criminoso Trump ainda vai se arrepender do gesto brusco que fez com a cabeça e que impediu que o atirador atingisse sua cabeça. Poderia ter morrido como um mártir, mas vai morrer como um RATO, que é o que o canalha sempre foi.
Postar um comentário