O Estado de S. Paulo
Preocupações são eleições, sucessão na Câmara
e emendas
São três – e indissociáveis – as preocupações
no (do) Congresso, sobretudo da (na) Câmara. A primeira. As eleições
municipais, razão por que o Parlamento se concedeu cerca de quatro meses de
licença, período não à toa coincidente com aquele em que se restringem as
distribuições de emendas parlamentares. A derrama já fora feita, antecipada.
Agora é colher as glórias do patronato e assegurar a manutenção-ampliação do
poder regional.
Os donos do Congresso secaram as tetas quase todas dos fundos orçamentários que controlam. Operaram as emendas de comissão concentradamente, no primeiro semestre, como fundão eleitoral paralelo. E ora estão nas paróquias para observar a grana pública desequilibrar e impor as eleições-reeleições do filho-pai-esposa-tio-irmã.
A turma se concedeu recesso gordo dessa
natureza e, quando dá uma trabalhadinha, chama o troço de esforço concentrado –
deboche que reproduzimos. Esforço concentrado remoto – a galera votando via
aplicativo. Esforço concentrado em causa própria.
Nada se vota no Congresso – incluída a
autorização para que o governo se aproprie de dinheiros privados esquecidos em
bancos e transforme essa limpa em receita primária para cobrir rombo na meta
fiscal – sem que em negociação estejam as outras duas preocupações.
A segunda. A sucessão na presidência da
Câmara. O favorito da vez é Hugo Motta; que nunca deixou de correr por fora.
Lula vetou Elmar Nascimento, cuja cabeça Arthur Lira entregou.
Elmar ainda resiste, em negação. Não tardará
a perceber que vai instrumentalizado por Gilberto
Kassab, que trabalha para ter alto o preço do
PSD – a ser ainda dos grandes vencedores nas eleições de outubro – na hora de
fechar com o seguro. Não tardará até que perceba também a inviabilidade
fundamental de sua candidatura, que sempre só teve a oferecer como atrativo a
prometida bênção de Lira.
Motta é melhor para os negócios. Para o
futuro de Lira até 26. Para a continuidade do orçamento secreto. O deputado
paraibano faz fluir sem traumas. Parece novidade. Não é. Discreto, sim. Voando
abaixo do alcance do radar. Um dos vips do orçamento secreto, cujo
apadrinhamento de emendas é caso de sucesso constante desde o governo Bolsonaro
– e sem qualquer soluço com Lula.
Já tratamos da terceira – a maior –
preocupação do Congresso. O futuro das emendas parlamentares. Motta dá liga
para o arranjo que driblará as determinações do Supremo fingindo acolhê-las. A
Corte constitucional conciliadora montou a mesa para o acordo de continuidade.
A LDO, ainda aberta, a ser o corpo em que se
escolherá – ao apagar das luzes de 24 – o órgão acolhedor da versão 4.0 do
camaleônico orçamento secreto. Sem maiores esforços.
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