sábado, 28 de setembro de 2024

Dora Kramer - Batalha de Itararé

Folha de S. Paulo

O esperado embate entre Lula e Bolsonaro na eleição em São Paulo não aconteceu

Não foi desta vez —talvez venha a ser no segundo turno— que a eleição em São Paulo foi palco do embate preconizado por Luiz Inácio da Silva (PT) entre ele e Jair Bolsonaro (PL). Tal qual aquela esperada na revolução de 1930 em Itararé (SP), a batalha não aconteceu.

Gradativamente, por razões diferentes e algumas não muito claras, presidente e antecessor foram se afastando dos papéis de protagonista e antagonista diretos. A motivação mais generosa para ambos poderia ser a decisão de se distanciar da cena tóxica.

A mais realista, porém, indica cálculos objetivos resumidos no seguinte: o cheiro de queimado. Numa disputa tão embolada quanto imprevisível é grande o risco de se virar sócio da derrota. Não valeria o desgaste. Na hipótese de vitória, um dos dois ganharia no máximo o título de tutor do prefeito da cidade mais importante do país.

Atributo de utilidade efêmera dada a comprovada ausência de influência entre as eleições municipais e as nacionais. O reflexo se dá na composição do Congresso. Ainda assim, de maneira indireta, na dependência da situação do governo dois anos depois e das alianças a serem firmadas na ocasião.

Há o fator subversivo de regras, Pablo Marçal (PRTB). Mas, independentemente dele, para Lula e Bolsonaro a realidade se impôs. No caso de Guilherme Boulos (PSOL), candidato do presidente, o desempenho não foi o estouro esperado.

Nem os presumidos ativos de Lula e Marta Suplicy (PT) nesse estrato fizeram Boulos deslanchar entre os mais pobres. Sinal de amarelo a cor de laranja foi o cancelamento à participação do presidente em atos marcados para este sábado (28), a uma semana da eleição. Golpe sentido nas internas, pois Lula só viajará ao México no domingo (29).

Já na campanha de Ricardo Nunes (MDB) o distanciamento de Bolsonaro se deu em reciprocidade. O ex-presidente aderiu de má vontade, e do lado do prefeito o curso da disputa mostrou que o afastamento seria o melhor remédio contra a rejeição do aludido padrinho. No balanço de perdas e ganhos, ficou adiado o confronto para quando, e se, o peso do custo for menor que o benefício.

 

Um comentário:

ADEMAR AMANCIO disse...

A Marta nem apareceu.