sábado, 30 de novembro de 2024

Alckmin: ‘Está faltando acupuntura aí para baixar o estresse’, sobre alta do dólar

Catia Seabra / Folha de S. Paulo

Vice-presidente defende justiça tributária e afirma que reação do mercado é transitória

Adepto da medicina chinesa a ponto de ter dado dicas na TV, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) recomendou, na noite de quinta-feira (28), acupuntura para baixar o estresse do mercado em reação ao pacote de medidas anunciado pelo governo Lula.

Alckmin, que é médico e formou-se em acupuntura pelo IOT-USP (Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Universidade de São Paulo), afirma que a alta do dólar é transitória e a tensão será abrandada quando ficar claro que o pacote traz medidas de longo e médio prazo, além de cumprir o arcabouço fiscal.

O vice-presidente define como justiça tributária a possibilidade de altos salários contribuírem mais para financiar a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 mensais. Ele aposta no diálogo para aprovação no Congresso Nacional da taxação de renda superior a R$ 50 mil por mês.

O vice-presidente falou à Folha ao ser abordado no lançamento do livro Análise Social do Direito: Por uma Hermenêutica de Inclusão, em um restaurante em Brasília. A publicação é organizada pelos ministros Jorge Messias (AGU) e Edilene Lôbo (TSE) e pela juíza federal Clara Mota (TRF-1).

Qual é a avaliação que o senhor faz do pacote? 

Muito positiva. De um lado, o cumprimento do arcabouço fiscal. Apresentou as propostas para nós zerarmos o déficit público e cumprirmos o arcabouço. A outra é para 2026 ainda, mas é justiça tributária. Você vai desonerar quem ganha até R$ 5.000, a rigor até R$ 7.000 também será beneficiado, e vai possibilitar que altos salários tenham uma contribuição maior. Então, você tem dois projetos com objetivos distintos. Um, cumprir o arcabouço fiscal, déficit zero. O outro é a justiça tributária. Você desonerar as faixas de menor renda e compensar esse valor com faixas maiores.

O que o senhor achou das críticas à estratégia de apresentar os dois simultaneamente? 

Alguns estão colocando "olha não foi bem recebido porque foi colocado junto". Acho que não. São momentos. Na hora que for ficando claro que o governo vai cumprir o arcabouço fiscal e que está tomando medidas de curto e médio prazo também, de controle de gastos, essas questões do câmbio vão normalizar.

Mas o senhor acha que passa no Congresso a cobrança das altas rendas? 

Eu entendo que sim. 

O governo tem tido bom resultado no Congresso. Por quê? 

Pelo diálogo.

Qual é a avaliação que o senhor faz sobre essa alta do dólar como um reflexo do mercado? 

Então, eu acho que ela é transitória. Está faltando acupuntura aí para baixar o estresse.

 

Um comentário:

Mais um amador disse...

Certa vez, em época de campanha eleitoral, tive o privilégio de ver, e observar, o Alckmin de perto num cara a cara com os eleitores. Foi simpatissíssimo e atencioso com todos. Parece ser muito gente boa.

Dito isto, uma pergunta :

Afinal, o que seria, exatamente, o " mercado " ? Quase todos o tratam como se fosse um sujeito dotado de consciência e individualidade.

Enfim...