sábado, 9 de agosto de 2025

Bancada bolsonarista age como força auxiliar de Trump - Alvaro Costa e Silva

Folha de S. Paulo

Estimulados pelo ataque econômico e ideológico dos EUA, 'patriotas' já sonham com novo 8/1

Ao forçar sua prisão domiciliar, Bolsonaro repete o roteiro de uma vida de crimes.

O tempo no Exército, do qual tanto se orgulha, foi marcado pela desobediência –"um mau militar", anotou o general Geisel em documento de 1988– e sobretudo pelo plano de explodir bombas de dinamite nos quartéis, em 1987. Deputado do baixo clero de 1991 a 2018, enfrentou denúncias de superfaturamento em reembolsos da verba de combustível e de enriquecimento ilícito.

Na Presidência, extrapolou todos os limites. Com a ideia fixa de tornar-se ditador, quis por diversas vezes incendiar o país para facilitar seu plano. Sabotou as medidas de proteção durante a pandemia; aparelhou as instituições; usou a Abin para espionar e perseguir adversários; interferiu na PF para salvar um filho; desacreditou o sistema eleitoral; meteu a mão em joias árabes; falsificou o cartão de vacina; ao perder as eleições arquitetou com os generais palacianos um golpe que previa o assassinato do presidente eleito.

A lista é sucinta porque o espaço é curto. Há outras transgressões no currículo do capitão. Sem falar naquelas por descobrir e até por praticar, caso ele tenha tempo e oportunidade. Como na fábula, está na natureza do escorpião.

O projeto autoritário que achincalhou a democracia continua ativo. Sem ter o aparato do Estado nas mãos, Bolsonaro se vale do Partido Liberal –que deveria mudar o nome para Partido do Golpe. O Congresso virou um picadeiro com miquinhos amestrados que exigem a anistia e o impeachment de Alexandre de Moraes, pondo os interesses de uma só pessoa acima do país.

Deputados e senadores de extrema direita agem, dentro do território brasileiro, como força auxiliar das manipulações de Trump. O intento de inflamar o Brasil –obsessão de Bolsonaro– está de volta. Com buzinaços e orações, os "patriotas" retornaram às ruas; para o acampamento, é um passo. E quem se dispor, tapando o nariz, a conferir o ambiente das milícias digitais vai encontrar estímulos a novos ataques terroristas.

 

Nenhum comentário: