Folha de S. Paulo
Estimulados pelo ataque
econômico e ideológico dos EUA, 'patriotas' já sonham com novo 8/1
Ao forçar sua prisão
domiciliar, Bolsonaro repete o roteiro de uma vida de crimes.
O tempo no Exército, do qual
tanto se orgulha, foi marcado pela desobediência –"um mau militar",
anotou o general Geisel em documento de 1988– e sobretudo pelo plano de
explodir bombas de dinamite nos quartéis, em 1987. Deputado do baixo clero de
1991 a 2018, enfrentou denúncias de superfaturamento em reembolsos da verba de
combustível e de enriquecimento ilícito.
Na Presidência, extrapolou todos os limites. Com a ideia fixa de tornar-se ditador, quis por diversas vezes incendiar o país para facilitar seu plano. Sabotou as medidas de proteção durante a pandemia; aparelhou as instituições; usou a Abin para espionar e perseguir adversários; interferiu na PF para salvar um filho; desacreditou o sistema eleitoral; meteu a mão em joias árabes; falsificou o cartão de vacina; ao perder as eleições arquitetou com os generais palacianos um golpe que previa o assassinato do presidente eleito.
A lista é sucinta porque o
espaço é curto. Há outras transgressões no currículo do capitão. Sem falar
naquelas por descobrir e até por praticar, caso ele tenha tempo e oportunidade.
Como na fábula, está na natureza do escorpião.
O projeto autoritário que
achincalhou a democracia continua ativo. Sem ter o aparato do Estado nas mãos,
Bolsonaro se vale do Partido Liberal –que deveria mudar o nome para Partido do
Golpe. O Congresso virou um picadeiro com miquinhos amestrados que exigem a
anistia e o impeachment de Alexandre de Moraes, pondo os interesses de uma só
pessoa acima do país.
Deputados e senadores de
extrema direita agem, dentro do território brasileiro, como força auxiliar das
manipulações de Trump. O intento de inflamar o Brasil –obsessão de Bolsonaro–
está de volta. Com buzinaços e orações, os "patriotas" retornaram às
ruas; para o acampamento, é um passo. E quem se dispor, tapando o nariz, a
conferir o ambiente das milícias digitais vai encontrar estímulos a novos
ataques terroristas.
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