DEU EM O GLOBO
O presidente Lula e a ministra Dilma Rousseff fizeram ontem enfática defesa do Estado forte, mas “sem estatizar por estatizar” , tese defendida pelo PT para o programa de governo da cândida à Presidência. DEM e PSDB chamaram a proposta de populista e acusaram o PT de estar rasgando a “Carta aos Brasileiros”, de 2002.
"Sem estatizar por estatizar"
Lula e Dilma defendem Estado forte, proposta prevista no programa do PT para a candidata
Carlos Souza, Cristiane Jungblut e Luiza Damé
O presidente Lula e a ministra Dilma Rousseff fizeram ontem enfática defesa do Estado forte, mas “sem estatizar por estatizar” , tese defendida pelo PT para o programa de governo da cândida à Presidência. DEM e PSDB chamaram a proposta de populista e acusaram o PT de estar rasgando a “Carta aos Brasileiros”, de 2002.
"Sem estatizar por estatizar"
Lula e Dilma defendem Estado forte, proposta prevista no programa do PT para a candidata
Carlos Souza, Cristiane Jungblut e Luiza Damé
PORTO ALEGRE e BRASÍLIA - Na inauguração da primeira fábrica de chips da América Latina, a estatal com fins lucrativos Ceitec, da área de microeletrônica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, précandidata do PT à Presidência, exibiram ontem em Porto Alegre discurso afinado na defesa da presença forte do Estado na economia.
— O fracasso do sistema financeiro internacional fez ressurgir o Estado como único capaz de salvar a economia da crise — disse Lula, em discurso.
O presidente declarou que o governo não quer “estatizar por estatizar”, mas não abrirá mão de mostrar que “tem bala na agulha” para forçar o empresariado a ser mais parceiro e competitivo.
Deu como exemplo a intenção de levar banda larga a todas as escolas públicas do país, com ou sem a participação da iniciativa privada.
— O governo vai assumir a responsabilidade de levar banda larga a todos os rincões. O governo quer trabalhar em parceria com as empresas, mas, se (elas) não quiserem, tenham certeza que o governo vai fazer — reiterou, defendendo que as companhias públicas sejam superavitárias: — Eu quero é lucro.
Perguntada se o seu programa de governo prevê uma presença maior do Estado, Dilma disse que o Brasil “não está na fase antiga do estatismo pelo estatismo do período da década de 1950”: — Mas definitivamente não estamos na fase neoliberal, aquela em que todo mundo achava que o Estado dava conta de tudo. Achamos que o Estado tem de ter uma presença clara na economia.
Dilma ilustrou seu pensamento com o seguinte exemplo: — Como é que a gente vai fazer moradia para todos os brasileiros que ganham até três, quatro salários mínimos, sem subsídio? A equação não fecha, porque o que eles ganham não é suficiente para pagar uma casa.
Aí o Estado tem de entrar pesado.
Segundo a ministra, o Brasil está maduro para ter uma combinação boa entre o Estado — “um Estado necessário, não um Estado desmontado, sem característica” —, e o setor privado.
O PT prepara documentos para subsidiar o lançamento, dia 20, da précandidatura de Dilma, reforçando a estratégia da eleição plebiscitária e apontando diretrizes que ampliam a presença do Estado na economia. O principal texto, do assessor da Presidência Marco Aurélio Garcia — escolhido coordenador do programa de governo da candidata petista — levou líderes e dirigentes do PT a explicarem ontem que um eventual governo Dilma pretende fortalecer o Estado, mas não será estatizante
PT quer plebiscito entre dois governos
O teor do documento, que será discutido pela Executiva do partido em reunião quarta-feira, foi divulgado ontem pelo jornal “O Estado de S. Paulo”. As diretrizes do PT para o programa de governo ainda serão submetidas ao congresso do partido.
No entanto, os petistas confirmam a tese do Estado forte como um dos pontos centrais de um novo programa de governo do PT.
O deputado Ricardo Berzoini, que deixará a presidência do PT dia 20, diz que o texto está alinhado com a “Carta aos Brasileiros”, de 2002, mas reconhece que a proposta é mais à esquerda do que é hoje a prática do partido no governo porque gargalos importantes foram superados. Na campanha de 2002, Lula assinou um compromisso de não romper com a estabilidade econômica do governo tucano.
Para Berzoini, alguns pontos da plataforma original do PT foram alcançados no governo Lula, como superar a dependência do Fundo Monetário Internacional (FMI) e melhorar a relação dívida/PIB (conjunto de bens e serviços produzidos no país).
— Queremos fortalecer o Estado, e estão confundindo isso com ser estatizante.
O governo Lula valorizou a economia privada, mas não vamos ser ingênuos ou hipócritas de achar que a economia privada se regula só pelo mercado — disse Berzoini.
Mostrando-se indignado com o vazamento do documento antes de sua aprovação na Executiva Nacional, o presidente eleito do PT, José Eduardo Dutra, disse que as diretrizes em discussão no partido vão subsidiar a elaboração do programa de Dilma, que será finalizado incluindo as propostas dos partidos aliados: — Não coloco a questão de um governo mais à esquerda ou mais à direita. Não vou entrar nesse debate geográfico. O governo Dilma será a continuidade e vai aprofundar as conquistas. É um processo iniciado em 2003, no primeiro governo Lula.
Para ele, o fortalecimento do Estado é necessário e se mostrou eficaz no enfrentamento da crise econômica.
Dutra ressalta, no entanto, que nada do que está em discussão no partido é assustador para o mercado.
— É uma proposta de realidade. A crise econômica jogou por terra a falácia de que o mercado resolve tudo.
O Brasil se saiu melhor da crise porque já tinha fortalecido instrumentos como a Petrobras, o BNDES e a Caixa.
Não significa estatização nem modelo estatizante. É importante para o país ter instrumentos eficazes de fazer política econômica, pois as crises econômicas são cíclicas — disse.
No Congresso do PT, de 18 a 20, em Brasília, além do texto de Marco Aurélio, Dutra apresentará um documento sobre a tática eleitoral. E Berzoini prepara um manifesto da candidatura Dilma. Para Berzoini, o tom e a tática da campanha de Dilma serão o plebiscito entre os dois governos: — Será uma contraposição de épocas, mas não de forma obsessiva
— O fracasso do sistema financeiro internacional fez ressurgir o Estado como único capaz de salvar a economia da crise — disse Lula, em discurso.
O presidente declarou que o governo não quer “estatizar por estatizar”, mas não abrirá mão de mostrar que “tem bala na agulha” para forçar o empresariado a ser mais parceiro e competitivo.
Deu como exemplo a intenção de levar banda larga a todas as escolas públicas do país, com ou sem a participação da iniciativa privada.
— O governo vai assumir a responsabilidade de levar banda larga a todos os rincões. O governo quer trabalhar em parceria com as empresas, mas, se (elas) não quiserem, tenham certeza que o governo vai fazer — reiterou, defendendo que as companhias públicas sejam superavitárias: — Eu quero é lucro.
Perguntada se o seu programa de governo prevê uma presença maior do Estado, Dilma disse que o Brasil “não está na fase antiga do estatismo pelo estatismo do período da década de 1950”: — Mas definitivamente não estamos na fase neoliberal, aquela em que todo mundo achava que o Estado dava conta de tudo. Achamos que o Estado tem de ter uma presença clara na economia.
Dilma ilustrou seu pensamento com o seguinte exemplo: — Como é que a gente vai fazer moradia para todos os brasileiros que ganham até três, quatro salários mínimos, sem subsídio? A equação não fecha, porque o que eles ganham não é suficiente para pagar uma casa.
Aí o Estado tem de entrar pesado.
Segundo a ministra, o Brasil está maduro para ter uma combinação boa entre o Estado — “um Estado necessário, não um Estado desmontado, sem característica” —, e o setor privado.
O PT prepara documentos para subsidiar o lançamento, dia 20, da précandidatura de Dilma, reforçando a estratégia da eleição plebiscitária e apontando diretrizes que ampliam a presença do Estado na economia. O principal texto, do assessor da Presidência Marco Aurélio Garcia — escolhido coordenador do programa de governo da candidata petista — levou líderes e dirigentes do PT a explicarem ontem que um eventual governo Dilma pretende fortalecer o Estado, mas não será estatizante
PT quer plebiscito entre dois governos
O teor do documento, que será discutido pela Executiva do partido em reunião quarta-feira, foi divulgado ontem pelo jornal “O Estado de S. Paulo”. As diretrizes do PT para o programa de governo ainda serão submetidas ao congresso do partido.
No entanto, os petistas confirmam a tese do Estado forte como um dos pontos centrais de um novo programa de governo do PT.
O deputado Ricardo Berzoini, que deixará a presidência do PT dia 20, diz que o texto está alinhado com a “Carta aos Brasileiros”, de 2002, mas reconhece que a proposta é mais à esquerda do que é hoje a prática do partido no governo porque gargalos importantes foram superados. Na campanha de 2002, Lula assinou um compromisso de não romper com a estabilidade econômica do governo tucano.
Para Berzoini, alguns pontos da plataforma original do PT foram alcançados no governo Lula, como superar a dependência do Fundo Monetário Internacional (FMI) e melhorar a relação dívida/PIB (conjunto de bens e serviços produzidos no país).
— Queremos fortalecer o Estado, e estão confundindo isso com ser estatizante.
O governo Lula valorizou a economia privada, mas não vamos ser ingênuos ou hipócritas de achar que a economia privada se regula só pelo mercado — disse Berzoini.
Mostrando-se indignado com o vazamento do documento antes de sua aprovação na Executiva Nacional, o presidente eleito do PT, José Eduardo Dutra, disse que as diretrizes em discussão no partido vão subsidiar a elaboração do programa de Dilma, que será finalizado incluindo as propostas dos partidos aliados: — Não coloco a questão de um governo mais à esquerda ou mais à direita. Não vou entrar nesse debate geográfico. O governo Dilma será a continuidade e vai aprofundar as conquistas. É um processo iniciado em 2003, no primeiro governo Lula.
Para ele, o fortalecimento do Estado é necessário e se mostrou eficaz no enfrentamento da crise econômica.
Dutra ressalta, no entanto, que nada do que está em discussão no partido é assustador para o mercado.
— É uma proposta de realidade. A crise econômica jogou por terra a falácia de que o mercado resolve tudo.
O Brasil se saiu melhor da crise porque já tinha fortalecido instrumentos como a Petrobras, o BNDES e a Caixa.
Não significa estatização nem modelo estatizante. É importante para o país ter instrumentos eficazes de fazer política econômica, pois as crises econômicas são cíclicas — disse.
No Congresso do PT, de 18 a 20, em Brasília, além do texto de Marco Aurélio, Dutra apresentará um documento sobre a tática eleitoral. E Berzoini prepara um manifesto da candidatura Dilma. Para Berzoini, o tom e a tática da campanha de Dilma serão o plebiscito entre os dois governos: — Será uma contraposição de épocas, mas não de forma obsessiva
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