DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Depois de longo período de vacilação e 11 horas de reunião de cúpula, nesse fim de semana a União Europeia finalmente decidiu usar sua artilharia pesada contra a desvalorização do euro.
É quase US$ 1 trilhão em disponibilidades e garantias. E o Banco Central Europeu (BCE) aceitou fazer aquilo que até sexta-feira seu presidente, Jean-Claude Trichet, considerava inadmissível, que é recomprar no mercado secundário títulos de dívida emitidos pelos Tesouros da área do euro.
Tão importante quanto essa demonstração de força da União Europeia foi o anúncio de que o governo dos Estados Unidos também entrou na parada para escorar o euro. E o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) coordenou uma nova operação de swap de dólares destinados a dar suporte às decisões das autoridades europeias.
Os mercados comemoraram porque, afinal, conseguiram enxergar chefes de Estado agora determinados a agir e não o mesmo punhado de molengões de semanas atrás. (No gráfico, você tem a reação das principais bolsas do mundo.)
Os recursos não foram ainda desembolsados e talvez nem sejam. É apenas uma demonstração de cacife, destinada a desencorajar apostas contra os países mais frágeis do bloco e contra o próprio euro.
Essa ação de ordem unida, responsável e necessária, ataca, no entanto, apenas as labaredas que estavam vivas. Não tampa os rombos da Grécia, Portugal e Espanha. Nem estanca o vazamento de gás que deu origem ao fogaréu que saiu dos enormes déficits públicos na área.
A exibição desses recursos, que há alguns dias não existiam, levanta outras questões. Como é que países quebrados conseguem juntar US$ 650 bilhões num fundo agora denominado "mecanismo de estabilização" sem, ao mesmo tempo, aumentar seus rombos?
E como fica o BCE? Garantiu que a injeção de dinheiro a ser feita por meio da operação de recompra de títulos públicos será devidamente esterilizada. Isso significa que cada operação de resgate de títulos terá como contrapartida uma operação de venda de títulos de valor equivalente destinada a trazer de volta os euros que terão sido despejados no mercado. Mas o BCE não disse como fará isso nem que títulos usará na operação. Os líderes da União Europeia e do BCE mataram a cobra, mas ainda não mostraram o pau. O mercado vai questionar o que falta.
De todo o modo, a decisão tomada em Bruxelas é uma convincente demonstração de unidade. O problema agora é construir uma convergência política duradoura a fim de impedir que se repita com membros da área do euro o que está acontecendo com Grécia, Portugal, Espanha e Irlanda.
Ficou demonstrado que os compromissos consagrados pelo Tratado de Maastricht e pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) não são suficientes para assegurar a necessária austeridade fiscal dos membros da área do euro. Esses tratados tampouco asseguram fiscalização dos orçamentos nem punição para os transgressores. Nem preveem cobertura para rombos provocados por despesas dos Tesouros, como seguro-desemprego e aposentadorias. Mas, se é preciso mais, é preciso providenciar esse mais.
Confira
Cadê a bomba?
Uma das publicações de maior prestígio no mundo, a revista alemã Der Spiegel, publica matéria assinada por Hans Rühle que pergunta se o Brasil não estaria desenvolvendo sua própria bomba nuclear. "O Brasil pode enriquecer urânio para seus submarinos nucleares, mas ninguém sabe o que acontece com o combustível que está em bases militares de acesso restrito."
Prazo apertado
É cada vez menos provável o aumento de capital da Petrobrás na forma planejada pelo governo, ou seja, na modalidade em que a União subscreverá sua parte mediante a transferência de 5 bilhões de barris de petróleo (cessão onerosa). É que a oposição vem conseguindo obstruir a votação no Senado e o governo não vai tendo outra saída senão admitir que a matéria seja votada sem regime de urgência. Para garantir mais capital ainda em julho, cresce a probabilidade de que a Petrobrás terá de sacar o Plano B. Falta saber como a União obterá seus recursos para subscrever a parte do Tesouro.
Depois de longo período de vacilação e 11 horas de reunião de cúpula, nesse fim de semana a União Europeia finalmente decidiu usar sua artilharia pesada contra a desvalorização do euro.
É quase US$ 1 trilhão em disponibilidades e garantias. E o Banco Central Europeu (BCE) aceitou fazer aquilo que até sexta-feira seu presidente, Jean-Claude Trichet, considerava inadmissível, que é recomprar no mercado secundário títulos de dívida emitidos pelos Tesouros da área do euro.
Tão importante quanto essa demonstração de força da União Europeia foi o anúncio de que o governo dos Estados Unidos também entrou na parada para escorar o euro. E o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) coordenou uma nova operação de swap de dólares destinados a dar suporte às decisões das autoridades europeias.
Os mercados comemoraram porque, afinal, conseguiram enxergar chefes de Estado agora determinados a agir e não o mesmo punhado de molengões de semanas atrás. (No gráfico, você tem a reação das principais bolsas do mundo.)
Os recursos não foram ainda desembolsados e talvez nem sejam. É apenas uma demonstração de cacife, destinada a desencorajar apostas contra os países mais frágeis do bloco e contra o próprio euro.
Essa ação de ordem unida, responsável e necessária, ataca, no entanto, apenas as labaredas que estavam vivas. Não tampa os rombos da Grécia, Portugal e Espanha. Nem estanca o vazamento de gás que deu origem ao fogaréu que saiu dos enormes déficits públicos na área.
A exibição desses recursos, que há alguns dias não existiam, levanta outras questões. Como é que países quebrados conseguem juntar US$ 650 bilhões num fundo agora denominado "mecanismo de estabilização" sem, ao mesmo tempo, aumentar seus rombos?
E como fica o BCE? Garantiu que a injeção de dinheiro a ser feita por meio da operação de recompra de títulos públicos será devidamente esterilizada. Isso significa que cada operação de resgate de títulos terá como contrapartida uma operação de venda de títulos de valor equivalente destinada a trazer de volta os euros que terão sido despejados no mercado. Mas o BCE não disse como fará isso nem que títulos usará na operação. Os líderes da União Europeia e do BCE mataram a cobra, mas ainda não mostraram o pau. O mercado vai questionar o que falta.
De todo o modo, a decisão tomada em Bruxelas é uma convincente demonstração de unidade. O problema agora é construir uma convergência política duradoura a fim de impedir que se repita com membros da área do euro o que está acontecendo com Grécia, Portugal, Espanha e Irlanda.
Ficou demonstrado que os compromissos consagrados pelo Tratado de Maastricht e pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) não são suficientes para assegurar a necessária austeridade fiscal dos membros da área do euro. Esses tratados tampouco asseguram fiscalização dos orçamentos nem punição para os transgressores. Nem preveem cobertura para rombos provocados por despesas dos Tesouros, como seguro-desemprego e aposentadorias. Mas, se é preciso mais, é preciso providenciar esse mais.
Confira
Cadê a bomba?
Uma das publicações de maior prestígio no mundo, a revista alemã Der Spiegel, publica matéria assinada por Hans Rühle que pergunta se o Brasil não estaria desenvolvendo sua própria bomba nuclear. "O Brasil pode enriquecer urânio para seus submarinos nucleares, mas ninguém sabe o que acontece com o combustível que está em bases militares de acesso restrito."
Prazo apertado
É cada vez menos provável o aumento de capital da Petrobrás na forma planejada pelo governo, ou seja, na modalidade em que a União subscreverá sua parte mediante a transferência de 5 bilhões de barris de petróleo (cessão onerosa). É que a oposição vem conseguindo obstruir a votação no Senado e o governo não vai tendo outra saída senão admitir que a matéria seja votada sem regime de urgência. Para garantir mais capital ainda em julho, cresce a probabilidade de que a Petrobrás terá de sacar o Plano B. Falta saber como a União obterá seus recursos para subscrever a parte do Tesouro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário