Existe um "ciclo eleitoral" no Brasil? O ciclo eleitoral é a tese segundo a qual governos tentam controlar o ciclo econômico para influenciar o resultado das eleições.
Essa tese encontrou pouco apoio nos Estados Unidos, onde, diante de uma economia complexa, seria difícil manipular o ciclo econômico para coincidir com o calendário eleitoral.
Mas, se não parece ter obtido sucesso nos EUA, no Brasil a historia é outra em relação a esse ciclo eleitoral.
O economista Marcelo Neri, da FGV, estudou a variação na renda, pobreza e gastos do governo nas eleições de 1982 a 2006 e encontrou forte evidência sobre a existência do ciclo eleitoral.
Por exemplo, Neri descobriu que o aumento da renda mediana foi de 12,5% no período pré-eleitoral, para cair a 11,9% nos anos pós-eleição.
Essa evidência empírica mostra que infelizmente nossa ainda jovem democracia, onde o Estado possui muitas políticas para influenciar o nível da atividade, parece estar sujeita ao ciclo eleitoral.
De fato isso parece ser a única maneira de explicar o último ano do governo Lula, que acelerou o impulso positivo da política econômica apesar da fortíssima recuperação pós-crise.
Por exemplo, os gastos do governo aumentaram em 10,1% entre 2009 e 2010.
Acelerações em 2010 em relação a 2009 foram também vistas nos aumentos de salários dos servidores, transferências para cidades e municípios e aumento de crédito dos bancos públicos.
Não surpreende que em 2010 a economia brasileira deva ter o maior crescimento anual em décadas.
Se 2010 for de fato um caso extremo, mas não atípico, do ciclo eleitoral no Brasil, o que esperar para 2011?
Como mostram os dados, o boom pré-eleitoral é seguido por forte ajuste.
Afinal, não vale a pena deixar a economia perseguir um caminho insustentável no inicio de um novo mandato.
As recentes medidas de ajuste do governo devem ser entendidas dentro desse contexto.
Tony Volpon é chefe de pesquisas de mercados emergentes da Nomura Securities International Inc
Essa tese encontrou pouco apoio nos Estados Unidos, onde, diante de uma economia complexa, seria difícil manipular o ciclo econômico para coincidir com o calendário eleitoral.
Mas, se não parece ter obtido sucesso nos EUA, no Brasil a historia é outra em relação a esse ciclo eleitoral.
O economista Marcelo Neri, da FGV, estudou a variação na renda, pobreza e gastos do governo nas eleições de 1982 a 2006 e encontrou forte evidência sobre a existência do ciclo eleitoral.
Por exemplo, Neri descobriu que o aumento da renda mediana foi de 12,5% no período pré-eleitoral, para cair a 11,9% nos anos pós-eleição.
Essa evidência empírica mostra que infelizmente nossa ainda jovem democracia, onde o Estado possui muitas políticas para influenciar o nível da atividade, parece estar sujeita ao ciclo eleitoral.
De fato isso parece ser a única maneira de explicar o último ano do governo Lula, que acelerou o impulso positivo da política econômica apesar da fortíssima recuperação pós-crise.
Por exemplo, os gastos do governo aumentaram em 10,1% entre 2009 e 2010.
Acelerações em 2010 em relação a 2009 foram também vistas nos aumentos de salários dos servidores, transferências para cidades e municípios e aumento de crédito dos bancos públicos.
Não surpreende que em 2010 a economia brasileira deva ter o maior crescimento anual em décadas.
Se 2010 for de fato um caso extremo, mas não atípico, do ciclo eleitoral no Brasil, o que esperar para 2011?
Como mostram os dados, o boom pré-eleitoral é seguido por forte ajuste.
Afinal, não vale a pena deixar a economia perseguir um caminho insustentável no inicio de um novo mandato.
As recentes medidas de ajuste do governo devem ser entendidas dentro desse contexto.
Tony Volpon é chefe de pesquisas de mercados emergentes da Nomura Securities International Inc
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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