Prêmio Nobel da Paz no ano passado, o ativista Liu Xiaobo foi condenado a 11 anos de prisão na China. Admirado no seu país e internacionalmente conhecido, o artista Ai Weiwei simplesmente desapareceu na sexta-feira passada, tentando embarcar de Pequim para Hong Kong. O crime dos dois? Criticar duramente o regime chinês.
Isso é uma tremenda saia justa para Dilma Rousseff, que chega a Pequim na próxima segunda-feira e tem bons motivos, até pessoais, para não calar: presa e torturada pelo regime militar, ela carimbou seu governo como afirmativo na área de direitos humanos.
Não pode, portanto, repetir Lula, que tripudiou a sofrida resistência iraniana, ironizou os presos políticos cubanos e confraternizou às gargalhadas com os irmãos Castro no dia em que um dissidente em greve de fome morreu.
Mas as opções de Dilma não são fáceis. Ou segue o protocolo diplomático, fica calada e finge que a agonia de Xiaobo e as dúvidas quanto a Weiwei não são com ela, ou segue o coração, a própria história e a nova posição do Brasil e coloca a questão de algum jeito. Ela deve estar remoendo isso.
O Itamaraty aconselha que Dilma lave as mãos, sob a alegação de que temas espinhosos assim cabem em organismos multilaterais, não em encontros bilaterais de chefes de Estado. Teme que qualquer coisa que a presidente diga a mais contamine a agenda e provoque uma reação. E se o presidente Hu Jintao lembrar o estado das prisões brasileiras, falar em trabalho infantil e nas balas perdidas das polícias?
Realmente, não é simples, mas os diplomatas estão aprendendo que Dilma é Dilma. Como estuda efetivamente os temas, foi ela própria quem decidiu cobrar coerência dos EUA na área comercial no discurso com e para Barack Obama. Então, seja o que Dilma quiser.
PS - Aécio tardou, mas não falhou. Seu discurso no Senado é um consistente roteiro de oposição.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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