GOVERNO. Entrando no oitavo mês, gestão de Dilma demora a recompor os cargos do 2° escalão. Principal motivo são os conflitos na base
Sérgio Montenegro Filho
A presidente Dilma Rousseff (PT) completa neste domingo os sete primeiros meses do seu mandato sem ter feito nenhuma alteração nos ocupantes de cargos federais no Estado. A crise deflagrada em maio pelas denúncias contra o ex-ministro Antonio Palocci (Casa Civil) e os escândalos no Ministério dos Transportes atrapalharam a recomposição dos cargos de segundo escalão. Mas o motivo principal da demora é o impasse nas negociações entre os partidos da base aliada, sob a coordenação da Casa Civil e do Ministério das Relações Institucionais. Mais uma vez, o governo se vê às voltas com exigências do fortíssimo PMDB e de quebra tem dificuldades “domésticas” com o próprio PT.
Embora interlocutores do governo tentem negar essas dificuldades, parlamentares de partidos aliados, em reserva, criticam a voracidade das duas maiores siglas do palanque de Dilma. “O PT se acha dono dos cargos, e o PMDB sempre quer negociar mais espaço”, lamenta um deputado pernambucano, afirmando que os petistas detêm mais de 60% dos cargos federais em todo o País. Os peemedebistas, por sua vez, forçam a “verticalização” na distribuição das chefias de segundo escalão. Dessa forma, planejam fechar as porteiras dos seis ministérios que comandam, indicando todos os cargos de cada pasta.
Líder do PT no Senado, Humberto Costa diz que há pleitos de todos os partidos tanto pela manutenção de alguns nomes como pela mudança de outros. Ele considera natural os conflitos na base. “Tem dois ou mais partidos pleiteando o mesmo cargo. Mas também há disputas entre integrantes de uma mesma legenda pela mesma indicação”, conta. O senador nega que o PT esteja brigando por mais indicações. “Todos os partidos aliados querem ampliar seus espaços. O fato de Dilma ser do PT não é critério para a distribuição dos cargos. Haverá equilíbrio entre os partidos”, garante.
Um rápido mapeamento dos ocupantes dos principais cargos federais em Pernambuco (veja gráfico na página 4) dá uma ideia da ausência de novidades no segundo escalão. À exceção de mudanças provocadas por aposentadoria ou falecimento do titular, todos os superintendentes, diretores ou coordenadores das repartições federais no Estado estão no cargo desde o governo Lula.
Entre os titulares mais longevos estão o presidente da Chesf, Dilton da Conti, indicado pelo governador Eduardo Campos (PSB), o superintendente da Sudene, Paulo Sérgio Fontana, afilhado político do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), e o superintendente da Infraero, Fernando Nicácio, indicado pelo ex-deputado federal Carlos Wilson Campos (PT), falecido em abril de 2009.
Entre as poucas mudanças feitas por Dilma está a troca de comando na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), com substituição do ex-ministro Fernando Lyra – por motivos de saúde – pelo professor Fernando Freire. Interessada em retomar sua produção artística, a jornalista e cineasta Tarciana Portela – ligada ao PCdoB – repassou a chefia da representação do Ministério da Cultura ao marqueteiro Fábio Henrique Lima, indicado pelo PT. Já na Superintendência do Metrorec, Ricardo Esberard Beltrão, servidor dos quadros da empresa, substituiu José Marques de Lima, transferido para a CBTU/Rio de Janeiro.
FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)
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