Marco Mondaini
Fundação Astrojildo Pereira / Contraponto, 194 págs., R$ 30
Democracia, Valor Universal
Enrico Berlinguer
Fundação Astrojildo Pereira /Contraponto, 306 págs., R$ 34
Enrico Berlinguer e Palmiro Togliatti imaginaram um comunismo bem longe das “operações de sangue”, atentados planejados por partidos radicais na Itália. Um desses atentados chegara a arriscar a vida de Togliatti, em 1948, mas o pensador continuara, firmemente, a defender uma política pacífica. Por isso, “talvez nenhum partido comunista no mundo ocidental tenha dado, mais do que o Partido Comunista Italiano (PCI), um maior número de contribuições ao desenvolvimento de uma estratégia de transformação socialista adequada à nova realidade política democrática de massas, que começou a se constituir enquanto tal no fim do século XIX”, sustenta em seu livro Do Stalinismo à Democracia o estudioso Marco Mondaini.
“Responsável teórico-político” pelo arcabouço que produziu a chamada “via italiana ao socialismo”, Togliatti foi também um líder político de peso, ativo na estratégia antifascista da esquerda. Editor dos Cadernos do Cárcere, de Antonio Gramsci, formulou o ideário da “democracia progressiva”, com forte apoio na práxis gramsciana e no comunismo de massas, longe da ideia de um partido de quadros fechado nos moldes soviéticos. Fruto de sua tese de doutorado, o livro de Mondaini descortina a importância de Togliatti, geralmente eclipsada pela teoria de Gramsci e pela ação política do ex-secretário do PCI Berlinguer.
Democracia, Valor Universal traz os artigos deste selecionados e traduzidos por Mondaini, para quem Berlinguer foi responsável pelo terceiro salto qualitativo no arsenal teórico-político do PCI (após Gramsci e Togliatti). Mondaini destrincha sua trajetória em três textos de Berlinguer correspondentes a três períodos de sua liderança no PCI. Sua proposta de um “eurocomunismo”, via alternativa de esquerda ao mesmo tempo ética e democrática, que levaria ao “compromisso histórico”, grande passo da esquerda pragmática italiana de se aliar a outras vertentes políticas para tirar o país da est agnação, entraria para a história, escreve o autor. E, mais importante, ele se colocava contra a saída terrorista.
FONTE: REVISTA CARTA CAPITAL, 26/10/2011
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