terça-feira, 25 de outubro de 2011

Médicos do SUS param hoje em 21 estados

Não serão realizadas consultas, cirurgias e exames; categoria reivindica melhores salários e condições de trabalho

Carolina Brígido e Adauri Antunes Barbosa

BRASÍLIA. Em 21 estados, não serão realizadas hoje consultas, exames e cirurgias marcados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os médicos cruzarão os braços durante todo o dia em protesto contra as más condições de trabalho e a baixa remuneração. Os atendimentos de emergência, no entanto, serão mantidos. O movimento é organizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pela Federação Nacional dos Médicos (Fenam), que calculam a adesão de pelo menos metade dos 195 mil profissionais do SUS.

Ontem, a paralisação estava confirmada nos seguintes estados: Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo, Santa Catarina e Sergipe. Em Santa Catarina, a manifestação ocorrerá por apenas uma hora, à tarde. Em São Paulo, ocorrerá o dia todo, mas em apenas algumas unidades. E no Piauí, o movimento se estenderá por três dias.

Nas demais unidades da federação, haverá manifestações e protestos públicos, mas as atividades não devem ser interrompidas. O segundo vice-presidente do CFM, Aloísio Miranda, garantiu que a população não será prejudicada com a paralisação:

- Todos os atendimentos serão remarcados e manteremos o atendimento de emergência, como sempre o médico faz nesses momentos. Queremos dizer à população que estamos do lado dela. Esse movimento é a favor do SUS, cuja assistência hoje está bem atrás daquilo que nós, médicos, desejamos, e daquilo que a população espera.

Movimento luta por piso salarial de R$9.188,22

Segundo os organizadores do movimento, o salário médio de um médico com jornada de 20 horas semanais, sem considerar gratificações, é de R$1.946,91. Dependendo da unidade da federação, o valor varia de R$723,81 a R$4.143,67. As entidades de classe defendem piso salarial nacional de R$9.188,22 para a categoria. As entidades também alertam para a falta de leitos hospitalares. Entre 1990 e 2008, o país teria perdido 188.845 leitos. Outras reclamações são a ausência de um plano de carreira para a categoria e contratações sem concurso.

- Com a mobilização, queremos chamar a atenção das autoridades para a necessidade de mais recursos para a saúde, melhor remuneração e melhor assistência à população - disse Aloísio Miranda.

Em São Paulo, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que acredita na responsabilidade das entidades médicas e que elas não vão permitir que haja paralisação dos serviços de emergência e de urgência.

- Os médicos têm seus dias nacionais de luta, é uma ação tradicional, os médicos sempre tiveram. O Ministério da Saúde quando souber quais são as propostas desse dia nacional de luta vai ter opinião sobre isso. O ministério tem visto como dia nacional de mobilização e não acredita em paralisação de serviços de urgência e emergência, acredita na responsabilidade das entidades médicas, torcemos para isso - disse Padilha, depois de participar de um almoço-debate com empresários do Grupo de Líderes Empresariais (Lide).

Falando sobre a importação irregular dos Estados Unidos de lixo hospitalar contaminado, o ministro disse que o governo, em parceria com a polícia, está empenhado em esclarecer o caso.

- As medidas todas já foram tomadas, tanto do ponto de vista da Vigilância Sanitária aqui no Brasil, quanto também da Polícia Federal brasileira, que está investigando o caso detalhadamente, e já tem nessa investigação a parceria da polícia federal americana, da polícia internacional, para que se descubra claramente quem são os responsáveis por esse crime - disse Padilha.

FONTE: O GLOBO

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