Renda no país encolhe 1,8% em setembro. Desemprego não recua e fica em 6%, como em agosto
Fabiana Ribeiro
Os sinais de desaceleração da economia brasileira já começam a aparecer no mercado de trabalho - especialmente na remuneração média dos trabalhadores, que recuou em setembro. No mês passado, a taxa de desemprego ficou em 6%, repetindo o número de agosto. Essa é a menor taxa para um mês de setembro desde 2002. Já o rendimento médio ficou em R$1.607,60, o que é uma queda de 1,8% ante agosto. Frente a setembro de 2010, o poder de compra dos ocupados permaneceu estável. Os ganhos menores reduziram em 1,9% a massa de rendimentos, para R$36,7 bilhões. Os dados são da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), divulgada pelo IBGE.
- A PME confirma que o mercado de trabalho está em desaceleração, perdendo força. A taxa de desemprego de setembro, historicamente, tende a ser mais baixa do que a de agosto. Com ajuste sazonal, essa taxa sai de 5,9% para 6,1% - disse Fábio Romão, economista da LCA. - Contratações da indústria têm sido modestas. E agora, o setor de serviços começa a, com uma certa defasagem, ter menos fôlego na abertura de vagas. Isso é reflexo de juros, medidas macroprudenciais do governo e dólar baixo ao longo do ano.
Segundo Cimar Azeredo, gerente da PME, o comportamento da taxa de desemprego reflete o fato de não se criar vagas que atendem à demanda. Ainda assim, ele lembra que a taxa média de janeiro a setembro está em 6,2% - abaixo da taxa média de igual período do ano passado (7,1%). Em setembro, as seis principais regiões metropolitanas do país somavam 1,5 milhão de desempregados, uma estabilidade frente ao mês anterior e a setembro do ano passado.
- Embora o mercado de trabalho tenha apresentado, na análise conjuntural, estabilidade no emprego e na desocupação e queda no rendimento, a análise parcial de 2011, quando comparada à de 2010, aponta alta no nível de ocupação, queda na desocupação e alta no rendimento da população ocupada - disse Azeredo.
Na avaliação de Felipe Wajskop França, economista do ABC Brasil, "os sinais de desaceleração do mercado de trabalho se intensificaram, espalhando-se para os setores que vinham apresentando maior dinamismo (comércio e serviços), o que pode contribuir para a aceleração do processo de acomodação do emprego nos próximos meses". Frente a agosto, a população ocupada do comércio diminuiu 1,6% e a indústria, 1,1%.
Economista do Ipea: queda dos rendimentos é alerta
Segundo Lauro Ramos, do Ipea, a retração dos rendimentos pode indicar que o mercado de trabalho perde qualidade. Mas, pondera ele, é preciso verificar os próximos meses para checar se há uma nova tendência ou apenas um ajuste do mercado.
- O mercado de trabalho vai bem, obrigado. Esse comportamento dos rendimentos é apenas um alerta.
Fonte: O Globo
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