Para Aécio Neves, Dilma errou ao manter pasta sob comando do "partido que a aparelhou de forma jamais vista"
Adriana Vasconcelos
BRASÍLIA. Mesmo reconhecendo a seriedade do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que já presidiu a Câmara dos Deputados e sobre quem não pesa qualquer denúncia ou suspeita de corrupção, a oposição subiu ontem o tom das críticas à decisão da presidente Dilma Rousseff de manter a pasta sob o comando dos comunistas.
- De todas as substituições feitas em meio a denúncias de corrupção, a presidente comete, neste caso, o maior dos equívocos, por manter a pasta sob comando de partido que a aparelhou de forma jamais vista. Dilma dá demonstração clara de que quer dar satisfação à opinião pública e não corrigir de fato os gravíssimos desvios. Na medida em que tira o ministro e mantém o partido, não mostra a autoridade que precisa mostrar - disse o senador tucano Aécio Neves.
Na avaliação de Aécio, a presidente perdeu a oportunidade de se impor perante a base e enfrentar feudos partidários que priorizaram interesses particulares em detrimento do interesse do país. E que Dilma não pode atribuir erros ao passado.
- Não dá para dizer que a responsabilidade é apenas do ex-presidente Lula. O PT gosta de fazer isso, quando é para o bem, a companhia do ex-presidente é boa, quando é para o mal, joga sobre ele a responsabilidade. A responsabilidade de tudo no governo é da atual presidente. Infelizmente, o malfeito no governo do PT só é enfrentado quando vira escândalo.
Entre os governistas, a nomeação de Aldo foi comemorada. O líder do PT, senador Humberto Costa (PE), elogiou a escolha:
- O PCdoB está nesta pasta há um certo tempo. Fazer mudança de orientação política neste momento, em que nos preparamos para receber a Copa do Mundo, poderia ser mais complicado - justificou Costa.
Para o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL), a indicação de Aldo "foi uma grande solução" para a crise. O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) alerta sobre outra responsabilidade:
- O novo ministro terá como missão recuperar a imagem de seu partido, que tem uma história e presença forte na vida brasileira, mesmo que seja preciso cortar na própria carne e na estrutura do PCdoB.
O líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), disse torcer para que Aldo consiga desmontar o esquema de corrupção, embora admita que "preferia ver no cargo alguém que entendesse de esporte e que não fosse do PCdoB".
Ontem, o PSDB decidiu explorar os escândalos no Esporte nas inserções de 30 segundos do partido no rádio e na TV no Distrito Federal. São dois filmetes que citam o envolvimento do governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), no esquema. Os dois últimos titulares do Ministério do Esporte, Orlando Silva e Agnelo, são apresentados como "parceiros do mesmo time". Os vídeos ressaltam que "Orlando Silva recebeu cartão vermelho e saiu de campo" e que "está na hora de Agnelo sair". O PT de Brasília entrou na Justiça para impedir a veiculação.
Fonte: O Globo
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