Segundo parlamentares, houve oferta de cargos e negativa de que tenha havido grampo contra adversários
Governador negocia texto genérico, que exclua o seu nome e o de Cachoeira como alvos da investigação
Lúcio Vaz
BRASÍLIA - Após intensa negociação, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), conseguiu impedir ontem a criação de uma CPI destinada a investigar grampos ilegais supostamente feitos pelo seu governo.
A oposição vai tentar agora instalar a comissão parlamentar de inquérito na próxima terça-feira.
Até lá, será negociado um novo texto, ampliando o período de investigação.
Em vez de se restringir ao atual governo, a apuração deverá começar a partir de 2002, como exigiu o governador em reuniões com os parlamentares aliados.
Os governistas também exigiram que sejam excluídos do requerimento de criação da comissão os nomes de Agnelo Queiroz, de Carlos Cachoeira e do chefe da Casa Militar, tenente-coronel Rogério Leão, acusado de ser o responsável por quebrar o sigilo de adversários do governador.
Ex-integrantes do governo de Agnelo também são acusados de ter relação com o suposto esquema de Cachoeira.
A sessão para criar a CPI estava marcada para ontem à tarde. Mas uma reunião na residência oficial do governador com os deputados foi estendida até às 17h, exatamente o horário em que a sessão da Câmara Legislativa foi encerrada por falta de quórum.
Agnelo, segundo parlamentares, ofereceu cargos e tentou convencer os aliados de que não houve espionagem.
As articulações haviam começado já na noite de terça, quando o governo foi surpreendido com o apoio consensual de 22 de 24 deputados à CPI proposta pela deputado Celina Leão (PSD), principal liderança da oposição.
O governador recebeu parlamentares no Palácio do Buriti até a madrugada de ontem.
Dentre os motivos identificados pelo governo para a rebelião estão a irritação da maioria dos deputados com o fato de terem sido supostamente espionados por agentes do governo.
Além disso, segundo o governo, o presidente da Câmara Legislativa, Cabo Patrício (PT), aproveitou para dar o troco em Agnelo, depois de ver um afiliado político perder o cargo de comandante-geral da Polícia Militar. Ele alega que não foi ouvido pelo governador.
Na reunião de ontem, Agnelo também manifestou irritação com a decisão de Celina Leão de pedir ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) a decretação da sua prisão preventiva sob a argumentação de que ele estaria atrapalhando as investigações.
A assessoria de comunicação do governo afirmou que Agnelo apoia a CPI, desde que o período de investigação seja ampliado.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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