sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Maior greve em 10 anos espalha transtornos pelo país e já trava negócios

Cerca de 380 mil servidores públicos estariam paralisados. No RS, são 12 órgãos, além de universidades.

380 mil servidores mobilizados

Planalto encara a maior greve do funcionalismo público desde 2003, o que afeta desde o ensino até questões comerciais

Francisco Amorim

Ao acumular negociações salariais de servidores de diferentes áreas, o governo federal enfrenta a maior greve pelo menos desde 2003. Às vésperas das eleições municipais, diversas categorias somam-se à mobilização que se alastra pelo país e afeta desde o ensino até o comércio do Brasil com outros países.

Sindicatos estimam em 380 mil o número de servidores mobilizados no país. No Rio Grande do Sul são 12 órgãos, além de docentes e servidores de universidades. Por trás do movimento, a estratégia de acelerar os acordos com cada uma das categorias, pois o prazo para emendas ao orçamento do ano que vem se encerra dia 31.

A adesão de policiais federais e de policiais rodoviários federais nesta semana aliada à greve dos servidores deu visibilidade nacional ao movimento deflagrado há três meses em universidades e órgãos ligados à Saúde.

Para especialista ouvido por Zero Hora, a ação articulada de diversas categorias teve como estopim a incapacidade do governo federal de lidar caso a caso com as reivindicações salariais.

– O governo federal, ao prorrogar as negociações com servidores, acabou represando as demandas de grupos que tinham em comum um mesmo interlocutor. Era inevitável que unissem forças, até porque algumas categorias, por causa dos setores onde atuam, conseguem exercem maior pressão do que outras – explica o sociólogo e cientista político Emil Sobottka.

Segundo o professor do Programa de Ciência Sociais da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS), servidores que trabalham em áreas nevrálgicas da economia, como agentes agropecuários e da Receita Federal, acabam tendo maior poder de barganha do que docentes e funcionários de universidades, onde o impacto na opinião pública é menor:

– Para essas categorias, a aliança é mais importante.

Sem perspectiva de acerto com o governo, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) aproveita o reforço. A entidade divulgou ontem comunicado informando que a greve dos professores das universidades federais está mantida na maioria das instituições, apesar de uma proposta de reajuste de até 40%. De acordo com o comando de greve, docentes de 57 universidades haviam decidido em assembleia pela continuidade da greve, que já dura quase três meses.

Dia foi de filas nos aeroportos brasileiros

Mais visíveis, as mobilizações de patrulheiros e agentes da Polícia Federal causaram transtornos em muitos Estados do Brasil para quem pegou a estrada ou estava prestes a entrar em um avião.

Ao deflagrar a chamada operação-padrão, servidores da Polícia Federal levaram a filas nos aeroportos em áreas de embarque e desembarque internacional. Quem pretendia fazer o passaporte ontem também foi obrigado a justificar a necessidade urgente do documento.

– No passado, chamavam de operação-tartaruga. A ação é a mesma, mas o discurso mudou: ou seja, "fizemos o que é possível com o pessoal que temos". É um modo de mostrar, por exemplo, a falta de pessoal – explica Sobottka.

FONTE: ZERO HORA (RS)

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