sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Autor da denúncia diz que defesa quer provocar confusão

Responsável pela denúncia do mensalão, o ex-procurador-geral Antonio Fernando de Souza afirma que as defesas querem provocar dúvidas na população sobre a existência do esquema. Ele rejeita a tese do caixa dois e diz haver evidências “certas e determinadas” da compra de apoio.

Há provas evidentes do esquema, diz ex-procurador-geral

Antonio Fernando de Souza diz que advogados de réus querem gerar incertezas sobre existência do mensalão

Provocações e ataques à acusação são naturais, mas Ministério Público foi cauteloso "em todo o processo", afirma

Márcio Falcão

BRASÍLIA - O ex-procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza, responsável pela denúncia do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal), afirma que as defesas dos réus do processo estão empenhadas em provocar dúvidas na opinião pública sobre a existência do esquema.

Para o ex-procurador-geral, tanto na denúncia quanto nas alegações finais do Ministério Público existem evidências "certas e determinadas" da compra de apoio político. "Não há dúvida nenhuma quanto a isso", afirma.

A maioria dos advogados tem atacado a acusação, classificando-a até de ato de terrorismo, e o atual procurador-geral da República, Roberto Gurgel, já chamado de "mesquinho" por não reconhecer a inocência de um réu. Dois advogados disseram ontem que o mensalão não existiu.

O Ministério Público Federal considera o mensalão o mais "atrevido" escândalo de corrupção do país.

Souza minimiza os ataques dos advogados que tentam desqualificar as provas da Procuradoria sobre a existência de uma "sofisticada quadrilha". Ele afirma que a movimentação das defesas pretende deixar a "opinião pública imaginar que há uma dúvida sobre o que foi dito".

Ilegalidade

Souza rejeita a tese dos advogados de que houve caixa dois. "A convicção do Ministério Público é que não foi caixa dois", diz. "Toda aquela movimentação financeira, pagamentos na calada da noite, às escondidas, em dinheiro vivo, à margem do sistema bancário, revela algo ilícito que não poderia ser à luz do dia", acredita.

Advogando desde que se aposentou do Ministério Público, em 2009, ele tem acompanhado parte do julgamento em seu escritório, em Brasília. Diz que e ataques dos advogados a seu sucessor, Roberto Gurgel, são naturais. No oferecimento da denúncia, afirma, os ataques foram mais "agressivos".

Souza diz ter convicção que o Ministério Público foi justo na acusação, tanto que pediu a absolvição, por falta de provas, de dois réus: Antonio Lamas, ex-assessor do PL, e o ex-ministro Luiz Gushiken. "Isso mostra que o Ministério Público foi cauteloso em todo o processo."

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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