Prefeito foi a comício na Zona Oeste ao lado de Eduardo Cunha e Domingos Brazão
Cássio Bruno, Juliana Castro
Dois dias após participar do lançamento da campanha do vereador Chiquinho Brazão (PMDB), onde dividiu o palanque com políticos investigados, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, candidato à reeleição pelo PMDB, negou ontem que esta agenda tenha sido secreta.
Paes alegou que não poderia divulgar como compromisso oficial um evento organizado por outro candidato.
- Um lançamento de candidatura de vereador, com mil pessoas, não pode ser chamado de secreto - afirmou Paes, em visita à Nave do Conhecimento, em Santa Cruz, na Zona Oeste, onde são oferecidos pela prefeitura cursos e acesso à internet a moradores.
Paes pediu votos na noite de segunda-feira, na Taquara, num comício ao lado do deputado federal Eduardo Cunha e do deputado estadual Domingos Brazão, irmão de Chiquinho, todos do PMDB. Cunha e Domingos Brazão são investigados por irregularidades.
Ontem, Paes falou sobre a aparição ao lado da família Brazão, de Cunha e de outros aliados, como o deputado estadual Pedro Augusto (PMDB) e presidente regional da sigla, Jorge Picciani:
- Tenho uma base ampla. As pessoas (candidatos) convidam quem elas quiserem - disse ele.
Preocupação com candidatos
Anteontem, antes de o prefeito seguir para o comício, a assessoria de imprensa de Paes, por duas vezes, negou ao GLOBO que o prefeito participaria de outro compromisso público ainda naquele dia.
A orientação da cúpula da campanha de Paes é de que o prefeito não inclua na agenda pública eventos com candidatos a vereador da coligação do PMDB, que conta com outros 19 partidos. A preocupação é evitar constrangimentos ao ser fotografado ao lado de políticos envolvidos em crimes, principalmente com milícias e com tráfico.
Segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), Cunha é investigado por suposto tráfico de influência na Refinaria de Manguinhos. Brazão consta no inquérito da Polícia Federal que investigou a máfia dos combustíveis no Rio, em 2004, que adulterava o produto e o vendia com notas fiscais falsas. Ele não é réu no processo da Justiça Federal.
Contra Brazão, ainda há dois inquéritos no Ministério Público. Um apura o suposto envolvimento dele e de assessores em pagamentos irregulares do auxílio-educação na Assembleia Legislativa do Rio; o outro, o possível uso irregular de tarifa social na conta de água (benefício dado pela Cedae à população carente) por condomínios de classe média em troca de votos, em 2006.
Em nota, Cunha se defendeu: "O inquérito a que se referem menciona um grampo telefônico no qual alguém supostamente falou com um parlamentar. Assumi, em Plenário da Câmara, ser o destinatário da chamada, mas isso não me qualifica como réu e sequer meu nome aparece como investigado por ter recebido um telefonema".
Brazão negou ter participação na máfia dos combustíveis e disse que não tem envolvimento com as outras irregularidades pelas quais é investigado.
Alianças perigosas
A POLÍTICA carioca e fluminense é conhecida por ser fronteiriça, em alguns nichos, à criminalidade em várias de suas modalidades.
O PALANQUE formado em um evento da campanha à reeleição de Eduardo Paes, na segunda-feira, foi, neste sentido, exemplar.
ENQUANTO A Lei da Ficha Limpa não consegue fazer a devida faxina ética na vida pública - até porque, para isso, necessitará da ajuda de outras mudanças legais -, cenas como as de segunda se repetirão.
O PERIGO é a atuação destes políticos no cotidiano das administrações que ajudam a eleger. Por óbvio, querem algo em troca ao apoio nas campanhas.
FONTE: O GLOBO
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