quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Thomaz Bastos diz que denúncia é ato de terrorismo

Advogado do ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado, o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos comparou a denúncia do mensalão a um ato terrorista e pediu "duplo cuidado" aos ministros do Supremo. "É um julgamento de bala de prata", disse

Bastos compara denúncia a ato terrorista

Advogado de ex-diretor do Banco Rural diz que acusação tem enormes incongruências e afronta a "teoria da relatividade"

Antônio Cláudio Mariz, que defende Ayanna Tenório, afirma que ela só foi acusada por ser uma diretora do banco

Felipe Seligman, Flávio Ferreira, Márcio Falcão, Nádia Guerlenda, Rubens Valente

BRASÍLIA - Márcio Thomaz Bastos, advogado do então diretor do Banco Rural José Roberto Salgado, comparou a denúncia do mensalão a um ato terrorista. "É um julgamento de bala de prata e, como se trata de destinos de pessoas, é preciso um duplo cuidado."

Ele se referia à decisão da semana passada do Supremo Tribunal Federal, que negou um pedido seu para enviar parte do processo do mensalão para a primeira instância.

Os ministros ouviram ontem as defesas do "núcleo financeiro", formado por integrantes do Banco Rural, acusados de crimes como formação de quadrilha, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta.

Segundo a denúncia, eles negociaram empréstimos fraudulentos para financiar o esquema em troca de vantagens na liquidação do Banco Mercantil de Pernambuco.

Bastos, ministro da Justiça quando o mensalão foi descoberto em 2005, afirmou que a intenção da denúncia era "dizer terroristicamente" que o banco emprestava para ter benefícios no futuro, o que, disse, não se comprovou.

Segundo Bastos, a acusação cometeu enormes incongruências ao usar um mesmo fato para fazer três acusações distintas -"a teoria da relatividade foi muitas vezes afrontada e agredida dentro deste processo"- e não viu que Salgado era só um funcionário de terceiro escalão.

A defesa de Vinicius Samarane, vice-presidente do Banco Rural, atacou a Procuradoria. "Faço o desafio: não há um saque que não foi comunicado ao Banco Central", disse o advogado Maurício de Oliveira Campos Jr. Embora o banco tenha informado os saques à fiscalização, só revelou que os beneficiários eram políticos quando o escândalo veio à tona.

Último a falar pelo "núcleo financeiro", Antônio Cláudio Mariz, advogado da ex-diretora Ayanna Tenório, disse que eram frágeis as acusações contra ela, que só foi denunciada por ser diretora.

Uma tese repetida entre os reús foi a de que o ex-vice presidente do banco José Augusto Dumont, já morto, foi o responsável pelos empréstimos investigados no mensalão.

Os advogados do ex-ministro Luiz Gushiken criticaram a Procuradoria por ter omitido dos autos um laudo de 2006 que atestaria sua inocência, "omitido inclusive na denúncia apresentada em agosto [de 2007]".

O advogado José Roberto Leal disse que Gurgel não foi magnânimo ao pedir a absolvição de Gushiken por falta de provas, "mas mesquinho" por não reconhecer a sua inocência.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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