Defendendo reajustes de até 52%, grevistas entram em confronto com a polícia em Brasília
Givaldo Barbosa
BRASÍLIA e são paulo A menos de um mês do fim do prazo para o envio da proposta orçamentária ao Congresso Nacional, os servidores públicos federais das chamadas carreiras de Estado, considerados a elite do funcionalismo, pararam ontem a Esplanada dos Ministérios. Em busca de reajustes salariais de até 52%, os manifestantes entraram em confronto com a Polícia Militar no fim do dia, na Praça dos Três Poderes, quando tentavam chegar até a rampa do Palácio do Planalto.
Segundo o movimento, cerca de três mil trabalhadores participaram dos protestos. A PM, no entanto, estima no máximo 600 pessoas. Em meio à confusão, a polícia chegou a agredir jornalistas e fotógrafos. Mas nem o uso de cassetetes e gás de pimenta conteve os grevistas, que chegaram ao pé da rampa do Planalto, lá ficando por cerca de 40 minutos. Ninguém ficou ferido.
Para justificar os pedidos de reajustes tão expressivos, os manifestantes citaram o salário da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, que beira os R$ 50 mil líquidos, segundo o Portal da Transparência. Participaram dos protestos servidores do Judiciário, das polícias Federal e Rodoviária Federal, da Receita Federal e da Advocacia-Geral da União. O secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, foi recebido com vaias e gritos de "pelego" e "traidor" na Conferência Nacional de Emprego e Trabalho Decente, que teve de ser encerrada antes do previsto.
Apesar de as greves já terem a adesão de cerca de 300 mil servidores federais, a ministra do Planejamento disse que o governo precisou refazer as contas por causa da crise financeira global. Segundo ela, a equipe econômica está fechando esta semana os números para saber que proposta apresentar aos servidores.
Nos bastidores, as autoridades trabalham com a possibilidade de atender a pedidos específicos, como já ocorreu este ano. Ontem, foi publicada a sanção da lei que concede aumento de 2% a 31% para 937 mil servidores do Executivo, único grupo contemplado no Orçamento deste ano, ao custo de R$ 1,5 bilhão.
Em São Paulo, os servidores do Judiciário federal no estado aderiram ontem à greve da categoria, que já atinge o Distrito Federal e o Mato Grosso, informou o Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal no Estado de São Paulo (Sintrajud). Hoje haverá um ato na Avenida Paulista. A paralisação em São Paulo é considerada essencial pelos sindicalistas para fortalecer o movimento.
FONTE: O GLOBO
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