Para ex-presidente, população quer "síndico" que cuide da rua e do
bairro
Petista faz costumeira citação ao futebol, dizendo que situação do Palmeiras
chama mais atenção que julgamento
José Ernesto Credendio, Bernardo Mello Franco e Luiza Bandeira
SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou ontem que o
julgamento do escândalo do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal) pudesse
afetar o voto nos candidatos do PT no primeiro turno das eleições. Para ele, a
população está preocupada com outros assuntos.
Com a costumeira citação ao futebol e associando as eleições municipais aos
interesses mais diretos do eleitor, Lula procurou afastar o escândalo dos
resultados do pleito de ontem.
As declarações de Lula foram dadas de manhã, antes da confirmação da ida de
Fernando Haddad (PT) ao segundo turno com José Serra (PSDB) em São Paulo.
"A população não está preocupada com isso [mensalão], o povo está
preocupado se o Palmeiras vai cair e se Fernando Haddad vai ganhar", disse
Lula, após tomar café com o candidato em um hotel em São Paulo.
Além de Haddad, Lula estava acompanhado pelos ministros José Eduardo Cardozo
(Justiça) e Aloizio Mercandante (Educação) e outros apoiadores de Haddad.
Mais tarde, o ex-presidente voltou a falar do escândalo após votar em uma
escola da periferia de São Bernardo do Campo (Grande ABC) com a mulher, Marisa
Letícia.
Indagado sobre possíveis efeitos do julgamento no pleito de ontem, Lula
declarou que o eleitorado votaria pensando somente em escolher seus candidatos
buscando uma espécie de "síndico".
"Não, o povo é muito inteligente, sabe a diferença das coisas. O povo
sabe o que é julgamento e o que é votação. O povo está querendo um prefeito que
cuide de sua rua, seu bairro, sua vila, sua cidade. Fora disso o povo não quer
saber se tem mensalão, sé é corintiano, se é santista, se é Palmeiras."
Ministros
O ministro da Justiça concordou com Lula e fez uma leitura semelhante à do
ex-presidente sobre as repercussões do caso. Cardozo declarou que a votação de
Haddad não seria prejudicada.
"Francamente, é muito difícil você avaliar isso [influência do
julgamento]. A impressão que eu tenho é que a população sabe bem separar as
coisas", afirmou.
Ainda em relação a Haddad, segundo Cardozo, os eleitores "sabem que o
que está em discussão neste momento é um programa para a cidade de São
Paulo".
Sucessor de Haddad no Ministério da Educação e possível candidato do PT a
governador de São Paulo em 2014, Mercadante deu uma interpretação diferente,
também antes do resultado de ontem.
O ministro disse pela manhã que todos os candidatos do partido, incluindo os
de São Paulo, sofreriam com a coincidência de datas entre a eleição municipal e
o julgamento do mensalão.
"Você ter um julgamento que começou quando a eleição começou, com o
espaço que o julgamento teve, e que está terminando a eleição em nada
contribuiu com a eleição dele [Haddad] ou de quem quer que seja do PT. Mas o PT
é muito maior que isso", declarou o ministro Cardozo.
Fonte: Folha de S. Paulo
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