Ainda é cedo para
avaliações mais amplas das eleições municipais, cujo primeiro turno foi
encerrado ontem. Um balanço das conquistas dos partidos só deverá ser feita
mais à frente. Mas algumas conclusões com base nas apurações do primeiro turno
independem de confirmação no segundo. Uma delas, a de que o PSDB, ainda que
desnorteado no Congresso Nacional, mantém-se como referência de oposição.
Já vitorioso em
Maceió, disputa o segundo turno em mais oito capitais, enquanto o DEM,
ex-parceiro de poder, definha e caminha para uma fusão com o PMDB ou
simplesmente para a dispersão de seus quadros. Elegeu no primeiro turno o
prefeito de Aracaju, o veteraníssimo João Alves, e lidera a disputa em Salvador
no segundo turno. Mas é só - e muito pouco para manter-se em cena.
Ficou em quarto lugar
em Natal, capital que tem o único governo estadual, e é reduto de seu
presidente, senador José Agripino. E o ex-presidente do partido, Rodrigo Maia,
registrou humilhantes 2,9% de votos no Rio de Janeiro.
O PMDB provavelmente
continuará sendo o partido a eleger maior número de prefeitos, dada a sua
capilaridade, mas, à exceção do Rio de Janeiro, não tem cidades estratégicas
sob seu comando. Conserva seu papel de coadjuvante que, ao mesmo tempo, lhe
garante um histórico poder de barganha no mercado político.
As vitórias
acachapantes no primeiro turno em Belo Horizonte e Recife - onde enfrentou o
PT, o ex-presidente Lula e a presidente Dilma -, faz do governador de
Pernambuco Eduardo Campos, o mais beneficiado pelos resultados até agora.
Seguido pelo senador Aécio Neves (PSDB), que capitaliza também a vitória de Márcio
Lacerda (PSB), de quem foi aguerrido cabo eleitoral.
É a afirmação das
duas lideranças mais notórias da nova geração política, que costuram seus
planos presidenciais em contexto de respeito cúmplice - Aécio programado para
2014 e Campos para 2018, se a economia não conspirar contra a alta popularidade
da presidente Dilma Rousseff antes disso.
O ex-presidente Lula
reafirmou sua capacidade de transferência de popularidade: ainda que em ritmo
bem mais lento e sofrido levou seu candidato, desconhecido do eleitorado,
Fernando Haddad, ao segundo turno em São Paulo. Ao contrário da presidente
Dilma, que saiu derrotada da eleição mineira.
Por fim, os dados de
saturação do eleitorado com os velhos caciques: Jader Barbalho, no Pará, não
logrou mais que 8% dos votos para seu candidato; o de José Sarney, no Maranhão,
está fora do segundo turno; Siqueira Campos (TO) perdeu no primeiro turno para
um súbito colombiano; Renan Calheiros e Fernando Collor sequer chegaram ao
final da disputa: o candidato de ambos, Ronaldo Lessa teve o registro cassado,
quando já perdia para Rui Palmeira.
Fonte: O Estado de S.
Paulo
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