terça-feira, 16 de outubro de 2012

Instinto de sobrevivência - Eliane Cantanhêde


A única conclusão até agora na troca de cotoveladas de governistas pela vaga de vice em 2014 é que a turma está considerando a candidatura Dilma fortíssima.

Tudo o mais são especulações, já que o vice Michel Temer tem sido muito eficiente ao proteger os interesses eleitorais de Dilma e Lula. Temer e seu PMDB não morrem de amores pelo PT, mas são imbatíveis para perceber com quem está e estará o poder. E sabem se defender.

Na eleição de Belo Horizonte, Temer, acionado por Dilma, retirou em 24 horas a candidatura própria do PMDB para apoiar o petista Patrus Ananias, que, vale lembrar, nem chegou ao segundo turno.

Em São Paulo, Temer correu para Dilma e para Lula e, no primeiro minuto, já jogou Gabriel Chalita no colo do petista Fernando Haddad, agora na dianteira do segundo turno.

Temer sabe o parceiro de governo que tem, sabe os muitos aliados que o Planalto tem (particularmente o ascendente PSB) e sabe, mais do que ninguém, o partido que ele próprio tem. Não descuida da retaguarda, muito menos no PMDB.

Não bastasse o governador Eduardo Campos (PE), ele agora tem de cuidar muito da ousadia do PMDB do Rio, ou seja, do governador Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes.

Eduardo, o Campos, esfregou derrotas feias na cara de Lula e do PT em BH e em Recife no primeiro turno e tem planos ambiciosos para o futuro, seja para vice, seja para presidente. Está sondando o terreno, acomodando-se ao cenário, sentindo a barra.

Já o outro Eduardo, o Paes, não lançou o nome de Cabral para vice de Dilma só para fazer uma gracinha. Aí tem. Cabral e Paes, campeão de votos no país, dominam o Rio, ponta importante no tripé que manda no país, política e economicamente.

A ameaça à posição de Temer, assim, vem de dentro do bloco governista e não de fora, da oposição -onde tem muitos amigos, aliás. Do tempo em que a oposição era governo.

Fonte: Folha de S. Paulo

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