Em janeiro de 2005, 4,6% da renda mensal dos brasileiros era gasta com
pagamento de juros aos bancos. Em setembro de 2012, o percentual foi de 7,6%.
Cresceu, de lá para cá, mesmo com a enorme redução da Selic, que caiu de 18,25%
para 7,25%. Um pedaço maior dos rendimentos está comprometido com juros. Isso
acontece porque os brasileiros estão muito mais endividados agora.
O endividamento total das famílias, em relação à renda de 12 meses, saiu de
18,3% para 44,3% no período. Bateu em 44,5% em agosto e teve um ligeiro recuo
em setembro, de acordo com dados do BC. Explicando de outra forma, e
simplificando um pouco a conta, é mais ou menos assim: em 2005, toda a dívida
poderia ser paga com rendimentos, na íntegra, de dois meses. Hoje, são
necessários cinco meses de esforço.
A dívida não vence em período tão curto e ninguém vai usar 100% do salário e
dos rendimentos para pagá-la, mas essa é uma das formas de se olhar para o
nível de endividamento. É um dos indicadores utilizados pelos economistas para
monitorar o mercado de crédito.
O que chama atenção é que isso aconteceu mesmo com o crescimento da renda, o
fortalecimento do mercado de trabalho, a queda do desemprego e o aumento da
formalização. Subiu no melhor momento. A taxa de desemprego em setembro, por
exemplo, de 5,3%, foi a mais baixa para o mês.
O problema é que o endividamento dos consumidores tem crescido a taxas de dois
dígitos há vários anos. A concessão de crédito à pessoa física subiu 18%, em 12
meses, até setembro. É verdade que o nível de crédito no Brasil sempre foi
historicamente baixo em relação ao PIB. Somente este ano passou de 50%,
enquanto outros países já estouraram a marca de 100%.
Mesmo assim, o ritmo parece bastante forte para um país de juros ainda altos, e
não há sinais de que o maestro vá reduzir esse andamento. O BC tem
classificado, em seus relatórios e pronunciamentos, que essa concessão de
crédito de dois dígitos é moderada. Há quem conteste. Mas o fato é que isso tem
deixado muita gente alegre.
Boias de socorro à Grécia. A crise grega tem novos capítulos. Os credores concordaram em alongar o prazo
dos empréstimos contraídos pelo país, que pagará também juros menores, na
esperança de que a dívida, atualmente em 150,3% do PIB, caia para 124% em 2020
- façanha difícil de ser atingida, segundo a economista Monica de Bolle, da
Galanto Consultoria. Com isso, o país poderá receber mais uma parcela da ajuda
internacional, no valor de ¬ 34,4 bilhões. A economista acha que a maior parte desse
montante, que cabe à zona do euro, sairá primeiro. Ela explicou também que a
contribuição do FMI já é certa, ainda que venha depois. É que o Fundo vem
fazendo mais exigências; quer, por exemplo, que os gregos elaborem um plano de
recompra de dívidas.
Pensando melhor. Depois que o valor de mercado da Eletrobras despencou, o
governo começou a falar em rever as indenizações ao setor elétrico. Por isso,
há três dias as ações da empresa sobem.
Fonte: O Globo
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