quarta-feira, 28 de novembro de 2012

As viagens de Rosemary

A ex-chefe do escritório da Presidência em S. Paulo, que dizia ‘falar todos os dias com Lula’ fez ao menos 24 viagens oficiais.

Rose dizia que falava 'todos os dias' com Lula

Superintendente da PF em São Paulo nega interceptação de 122 telefonemas entre ex-presidente e secretária

Tatiana Farah

SÃO PAULO - Um dos dez mil e-mails interceptados pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro mostra uma ligação próxima entre Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Rose, que foi secretária de Lula no governo, é acusada de tráfico de influência e de receber favores financeiros do grupo liderado pelo ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) Paulo Rodrigues Vieira. No e-mail, ela diz a Vieira que fala com o ex-presidente "todos os dias".

"Mandei uma notícia de última hora sobre a alta do PR e você não falou nada... Tenho falado com ele todos os dias; agora ele já está voltando à política e logo vou resolver se fico no gabinete", escreveu Rose em 29 de março deste ano. No dia anterior, a equipe médica que tratou o câncer de Lula na garganta havia confirmado o desaparecimento do tumor. Apesar de Lula ter deixado o cargo, Rose o chama de "PR", que significa presidente da República.

Enquanto o ex-presidente fazia tratamento contra o câncer, sua ex-secretária passava por uma cirurgia no ouvido, supostamente custeada pelo grupo de Paulo Vieira. Em outra correspondência eletrônica, um irmão de Paulo, Marcelo, que também está preso, afirma que é preciso pagar R$ 7,5 mil pela cirurgia, além de R$ 5 mil por um armário.

A procuradora responsável pelo caso, Suzana Schnitzlein, afirmou que a influência de Rose era maior do que a do cargo que exercia:

- Ela tinha trânsito livre dentro do governo federal.

Ao GLOBO, o superintendente da PF em São Paulo, Roberto Troncon Filho, diz que o ex-presidente Lula não foi flagrado durante a "Operação Porto Seguro" em nenhuma conversa comprometedora com sua ex-secretária Rosemary de Noronha.

- O ex-presidente não tem foro privilegiado. Se ele tivesse sido pego em algum crime, certamente estaria sendo investigado ou já indiciado. Não existe essa história de que foram interceptadas 122 ligações entre ele e Rosemary. Agora, como ex-presidente, ele ligou algumas vezes para o escritório da Presidência em São Paulo, o que é normal - disse Troncon.

Fonte: O Globo

Nenhum comentário: