No próximo dia 1° de janeiro, o PT completará
uma década de poder na Presidência da República. É tempo suficiente para uma
avaliação de seu modo de governar e as consequências das escolhas dos
presidentes Lula e Dilma. A década não foi inteiramente perdida porque houve o
crescimento chinês que alavancou nosso setor exportador de matérias-primas. A
indústria recuou, saúde e educação não tiveram avanços significativos, nossa
infraestrutura foi inteiramente sucateada. Avançamos muito pouco.
Infraestrutura é a questão mais crítica porque vivemos um verdadeiro apagão: de
combustíveis, de energia elétrica, de estradas, de portos, de aeroportos, de
ferrovias e de telecomunicações. Faltaram os necessários investimentos na
última década. O retrato do país no setor é a escuridão que afetou boa parte do
país no último apagão.
A perda de confiabilidade do sistema elétrico
decorre da falta de investimentos no passado. No entanto, o futuro do setor é
ainda mais preocupante devido às novas regras que o governo quer impor. Reduzir
tarifas por decreto é a melhor forma de afastar a iniciativa privada do setor e
é exatamente o que a presidente Dilma está fazendo. A perda de valor das
empresas na bolsa retrata a expectativa de baixos retornos ou prejuízos com o
novo modelo. Sem perspectiva de retorno lucrativo, não haverá novos
investimentos, num setor em que estes já são insuficientes há uma década. O
possível racionamento dos combustíveis, noticiado pela Folha de São Paulo, nos
remete ao começo da década de 90. Numa triste volta ao passado, observamos que
a falta de planejamento não só nos retirou a autossuficiência em petróleo como
nos deixou dependentes de importação de gasolina, para a qual agora falta
sistema logístico de portos, tanques e dutos para abastecer o mercado
doméstico. A gasolina para a viagem de verão não está garantida. A Petrobras
amarga prejuízos imensos, o que lhe retira capacidade de investimento para
aumentar sua produção. Gastamos preciosos anos discutindo o regime de
exploração do pré-sal, agora que precisamos do petróleo, ele jaz no fundo do
mar.
Na área de telecomunicações, o desastre é
regulatório. A Anatel não consegue fiscalizar a contento a qualidade da oferta
dos serviços ao usuário. Ligações não são completadas ou são interrompidas. A
banda larga é lenta se comparada aos países desenvolvidos e pequena é sua
cobertura para um país continental. A universalização dos serviços de
telecomunicações é apenas um sonho distante, no setor que mais recebeu
investimentos privados na última década. A logística de portos, aeroportos,
estradas, ferrovias e hidrovias é componente do chamado Custo Brasil, que nos
retira competitividade. Os repetidos anúncios do governo de novos investimentos
não se materializam. Novamente, a mudança frequente do marco legal faz com que
o risco regulatório seja fator de inibição de entrada de recursos privados. O
exemplo gritante é da modificação do modelo de concessão dos aeroportos poucos
meses após as primeiras concessões. Para a infraestrutura, a última década foi
desastrosa. Mas preocupa ainda mais o futuro que está sendo comprometido pelas
decisões do presente.
Roberto Freire, deputado federal (SP) e presidente
do PPS
Fonte: Brasil Econômico
Nenhum comentário:
Postar um comentário