A mais de um ano e meio das eleições, atos de petistas e tucanos antecipam disputa entre Dilma e Aécio Neves. Eduardo Campos e Marina Silva correm por fora.
Campanha de 2014 já começou
A quarta-feira que passou não estava no calendário eleitoral de 2014 – ao menos no oficial. Mas estava no dos principais partidos do país, PT e PSDB. As duas legendas escolheram esse dia para lançar as bases de suas candidaturas à corrida presidencial.
Embora falte mais de um ano e meio para a eleição, a estratégia de petistas e tucanos já é nítida: polarizar a disputa entre Dilma Rousseff e Aécio Neves, ainda que, para a oposição, rachas na base governista sejam importantes. Outros dois nomes correm por fora, mas, daqui para a frente, tendem também a disputar a atenção do eleitor. A campanha já está no ar.
De um lado, a sacada foi de Lula, da cúpula petista e dos estrategistas do partido: aproveitar o aniversário de 33 anos da legenda e dos 10 anos de poder para dar a largada da reeleição da presidente Dilma Rousseff.
De outro, a perspicácia foi de Aécio Neves (PSDB-MG), senador e principal nome da oposição para enfrentar a petista no ano que vem: não deixar o PT brilhar sozinho e marcar sua disposição de enfrentar o grupo político que ganhou os últimos três pleitos.
Tudo isso aconteceu na quarta-feira, dia que marcou o início da campanha de 2014.
O encontro petista ocorreu em São Paulo e, além de lançar Dilma, cumpriu outros dois objetivos: afastar a sombra de uma candidatura de Lula, hipótese que poderia enfraquecer a presidente, e sinalizar a plataforma dela à reeleição. Na mesma semana em que divulgou a ampliação do Bolsa Família para acabar com a pobreza extrema no país, beneficiando 2,5 milhões de pessoas, a presidente apresentou um slogan com potencial para vender a ideia de que precisa de mais quatro anos de poder: "O fim da miséria é apenas um começo".
O PT também está preocupado em forçar o contraste entre as gestões do partido e o governo Fernando Henrique Cardoso. Em uma cartilha de 15 páginas produzida para o evento, a legenda enaltece os resultados obtidos desde 2003 e sustenta a tese de que o país tem passado por uma reviravolta econômica e social histórica.
Por outro lado, o mensalão foi tratado como página virada. Não houve ato oficial de desagravo aos líderes condenados pela Justiça, nem convite para que eles ocupassem a mesa principal.
Quem estava ao lado de Dilma e de Lula eram os presidentes dos partidos aliados, em uma demonstração de unidade que reuniu até o vaiado Gilberto Kassab (PSD). A presidente tem hoje o apoio de 11 siglas.
"Heranças" são alvo dos debates
O evento de Dilma contrastou com o ato tucano. Aécio usou a tribuna do Senado para fazer o contraponto à festa petista e foi duro nos ataques. Ao listar os "13 fracassos" do governo dos adversários, sinalizou o tom de sua campanha: oito dos 13 itens tratavam de temas econômicos, como a falta de crescimento e o sucateamento da indústria. O restante tratou de temas do cotidiano, como a "insegurança" e o "descaso na saúde".
Ontem, a briga continuou no Senado, com troca de acusações sobre as "heranças" dos governos Lula e Dilma e da administração tucana. O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) disse que as palavras de Dilma ao afirmar que não "herdou nada" representam a "arrogância" dos governos do PT:
– É uma versão exagerada do nunca antes neste país, é uma hipérbole da arrogância, autossuficiência que em muitos casos resvala pela bazófia, que muitas vezes o presidente Lula ao seu tempo se expressou.
Já o senador senador Jorge Viana (PT-AC) acusou os tucanos de esconder FH nas últimas eleições:
– Sempre cobrei do PSDB: defendam seu líder. O PSDB vai fazer programa de TV, vai fazer campanha política e não toca no nome dele. Não é mais um grande eleitor.
Um dia depois, Campos faz anúncio
O governador Eduardo Campos (PSB) não nega nem confirma a candidatura à Presidência, mas deixou claro ontem que se mantém atento aos movimentos nacionais.
Um dia depois dos atos de PT e PSDB, anunciou que vai investir, neste ano, um extra de R$ 228 milhões nos 184 municípios pernambucanos. Foi aplaudido de pé pelos participantes de um seminário, sob alguns gritos de "é presidente". Campos foi chamado de "liderança emergente do nosso povo", mas preferiu não dar conotação eleitoral ao pacote:
– Tudo o que o Brasil não precisa é estar montando palanque.
Sobre a reedição da polarização PT-PSDB, disse que "ninguém tem capacidade de dizer como será 2014 nem que a polarização será assim ou assado".
Fonte: Zero Hora (RS)
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