Alckmin endossa nome de Aécio para comando do PSDB
Controle da sigla é tratado como passo essencial para 2014; governador, que resistia, diz ceder a 'mensagem do partido'
Com gesto do paulista, Aécio faz discurso de candidato ao Planalto e diz não temer índices de Dilma nas pesquisas
Daniela Lima e Paulo Gama
SÃO PAULO - O senador Aécio Neves (PSDB-MG) obteve ontem a unção do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ao seu projeto de assumir a presidência do PSDB, etapa considerada imprescindível por aliados do mineiro para que ele construa sua candidatura ao Planalto em 2014.
A declaração de apoio ao mineiro foi dada em um evento do diretório estadual do PSDB na capital paulista, do qual participaram os principais nomes do partido no país (com exceção do ex-governador José Serra), numa tentativa de mostrar unidade.
Aécio desembarcou em São Paulo na última sexta-feira e passou quatro dias trabalhando para desarmar a resistência de alas do PSDB paulista ao seu projeto.
O senador conseguiu o que queria: uma declaração efusiva de Alckmin a seu favor em um palanque no qual foi tratado como candidato à Presidência da República. "A mensagem que eu sinto de todo o partido é: assuma a presidência do PSDB. Percorra o Brasil. Vá do Oiapoque ao Chuí ouvir o povo, falar ao povo", disse Alckmin.
Após a fala de Alckmin, Aécio fez discurso de candidato ao Planalto. Repetiu críticas ao PT e afirmou não ter medo dos "índices da presidente [Dilma Rousseff] nas pesquisas de opinião".
Vitória
A declaração de apoio do governador de São Paulo é uma vitória política do grupo de Aécio, que busca unir a sigla em torno de seu nome.
A principal resistência vem do grupo de Serra, desafeto antigo do mineiro na sigla.
Há cerca de duas semanas, num gesto de solidariedade a Serra e de alerta a Aécio, Alckmin chegou a informar o mineiro de que não concordava com seu projeto de presidir o PSDB. A fala fez com que Aécio intensificasse contatos com o governador
Ontem, questionado sobre a mudança de posição, Alckmin respondeu que havia "se incorporado" ao movimento pró-Aécio na presidência do PSDB, capitaneado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, principal cabo eleitoral do senador.
Já aliados do governador afirmam que ele decidiu não arcar com a conta de ser o principal entrave ao projeto do mineiro. Antes do evento, Alckmin avisou aos líderes do PSDB no Congresso que endossaria o pleito de Aécio pela presidência do partido.
Com o sinal do governador, 22 deputados foram ao evento (metade da bancada da sigla), inclusive os principais apoiadores de Serra.
Ele, no entanto, não compareceu. Avisou que estaria no exterior, onde já tinha um compromisso. Foi mencionado duas vezes, uma por FHC e outra por Aécio, apenas aos jornalistas. Não foi citado nos discursos públicos.
Questionado sobre a ausência de Serra, Aécio disse que preferia "agradecer a presença dos que vieram". Depois, o citou como uma das "lideranças" do partido. Por fim, disse crer que "no tempo certo" se unirá a ele.
FHC justificou a ausência e fez um desagravo. "Ele está numa homenagem a um grande amigo. Me sinto representado por ele lá e espero que ele se sinta representado por mim aqui", disse. Serra foi a Princeton (EUA) prestigiar evento em memória do economista Albert Hirschman.
Fonte: Folha de S. Paulo
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