Até aliados de Serra, que não compareceu, endossaram candidatura
Marcos Alves
SÃO PAULO - Após muita turbulência dentro do partido nas últimas semanas, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) teve ontem sua candidatura a presidente nacional do PSDB lançada em São Paulo, em seminário que reuniu os líderes tucanos paulistas, com exceção do ex-governador José Serra. Aécio chegou à capital paulista no fim de semana para costurar um consenso a seu favor.
A primeira manifestação de apoio dos paulistas a Aécio para comandar o PSDB veio do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Ao lado de Serra, ele era um dos que resistiam à ideia.
- O que eu sinto no PSDB é que você, Aécio, assuma a presidência do PSDB, percorra o Brasil, ouça o povo brasileiro, fale com o povo e una o partido - afirmou Alckmin.
Ao discursar, Aécio se comparou ao avô, Tancredo Neves, atacou o PT e defendeu as bandeiras da gestão Fernando Henrique Cardoso. As declarações de apoio a Aécio vieram até de aliados de Serra, como o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP):
- Meu querido Aécio, o nosso partido está com os olhos voltados para você. Você tem habilidade, talento, liderança e prestígio. Cabe a você trabalhar agora para que cheguemos em maio com o partido unido - disse Aloysio.
Cobrar unidade foi a tônica do discurso de Fernando Henrique. Ele frisou que é hora de o PSDB ser um "partido diversificado" e não "só paulista":
- Aécio Neves vai nos levar à condução do partido de tal maneira que esse partido se sinta um só. Não podemos perder ninguém. Queremos mais gente no partido e, se for aliado, melhor. Mas aliados com ideia que coincidem e não aliados pelo bolso - disse FH.
A ausência de Serra causou desconforto e teve que ser explicada. FH disse que estava no evento representando o ex-governador, desde sábado no exterior e com retorno previsto para o fim desta semana.
- Não há ausência. A presença dele está implícita. Ele compareceu a uma homenagem de um grande amigo meu que morreu em Princeton - disse o ex-presidente.
FH voltou a citar um antigo ponto fraco do PSDB, segundo os próprios tucanos: a falta de diálogo com a sociedade.
- É preciso ter o sentimento das ruas. A nossa mensagem tem que ser simples e direta. O PSDB precisa de um banho de povo. Precisamos é de povo.
Aécio afagou os líderes locais do PSDB:
- O PSDB deve tudo a São Paulo. Foi aqui que surgiram as lideranças que nos estimularam - afirmou.
Após a cerimônia, Aécio disse que tem "respeito enorme" por Serra e que tem "absoluta convicção" de que ele estará ao lado do PSDB em 2014.
- Tenho certeza que haverá sempre um papel de destaque para o José Serra sempre que ele quiser.
Em seu discurso, deu o tom da disputa em 2014:
- O PT há muito tempo abdicou de um projeto de país. Nós estamos vendo um vale-tudo e, no debate em qualquer campo, temos como responder. No social, temos que lembrar o Plano Real, que tirou o peso da inflação de milhares de pessoas. E o atual governo se esquece de que o DNA dos atuais programas sociais veio do governo anterior. Não me assusta a popularidade da Dilma.
Ele prometeu percorrer o Brasil:
- Contem comigo. Percorrerei o Brasil de cabeça erguida. Rumo à vitória.
Mais cedo, elogiou a eventual candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e da ex-senadora Marina Silva à Presidência:
- Acho extremamente positiva e torço para que ele ( Campos) confirme sua candidatura. Como acho muito positiva a candidatura colocada pela Marina Silva. Todas as outras candidaturas são bem-vindas para qualificar ainda mais o debate eleitoral.
Fonte: O Globo
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