A lógica eleitoral atropelou a presidente-gerente Dilma Rousseff. A Dilma original jamais deixaria um ministro de uma área por ela considerada essencial ser fritado em praça pública como se deu com o ex-ministro da Aviação Civil Wagner Bittencourt.
Desde o final do ano passado ele trabalhava sabendo estar com os dias contados. Nada mais contraproducente e fora dos padrões modernos de gerenciamento.
Pior é que Dilma tirou um técnico de um setor repleto de gargalos -às vésperas de eventos como a Copa do Mundo- e pôs em seu lugar, na reforma ministerial, um político com experiência zero na área.
Sintoma de que algo saiu dos trilhos no governo Dilma. Estivesse tudo dentro do planejado, a presidente não teria de sucumbir ao apetite dos aliados tão cedo assim, mais de um ano antes da eleição.
A resposta está nos resultados decepcionantes da economia. A equipe de Dilma avalia hoje que errou ao acreditar que bastava baixar os juros e ajustar a taxa cambial para o país deslanchar, crescer acima de 4% e segurar a inflação.
A receita, acertada, demandava, porém, outros ingredientes para fazer o bolo crescer. Quando o governo acordou, veio o festival de pacotes. A maior parte necessária, mas recheada de ações intervencionistas que assustaram o empresariado e travaram o investimento.
Agora, o discurso palaciano é de que tudo está no prumo. Reservadamente, há quem alerte no governo para riscos em 2014. A inflação elevada lança o desafio de controlá-la num quadro de crescimento fraco.
E ainda não há, para assessores, segurança de que o pacote de concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos irá funcionar a contento e destravar o investimento.
Sem ele, o país corre o risco de ter baixas taxas de crescimento. Algo ruim num ano eleitoral -pior ainda se a inflação não recuar. Com a palavra, o Banco Central.
Fonte: Folha de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário