As fotos dos políticos em pleno domingo apenas confirmam a campanha antecipada de alguns dos possíveis candidatos ao Palácio do Planalto. Com Dilma Rousseff em Roma, as críticas de adversários ao governo federal ganham corpo
Júlia Schiaffarino, Amanda Almeida
Em viagem a Roma, a presidente Dilma Rousseff congelou a agenda política no Brasil e as negociações para a corrida eleitoral de 2014, enquanto potenciais adversários dedicaram tempo para fazer negociações e criticar o governo petista. Marina Silva (sem partido) e Eduardo Campos (PSB) aproveitaram o domingo para o contato com os eleitores. Marina passou o fim de semana no Rio coletando assinaturas para formar o Rede Sustentabilidade. Campos lançou programa do governo de Pernambuco e disse que o país precisa de “renovação”.
Com a prancheta na mão em busca de assinaturas, Marina conversou com eleitores, posou para fotos e sentou em quiosques, na orla de Copacabana. Embora negue que a legenda está sendo criada para ela ser candidata no ano que vem, a ex-senadora disse que “a Rede tem propostas e projetos para governar o Brasil, com certeza”. No sábado, também em evento na capital fluminense, ela criticou a minirreforma ministerial de Dilma. “Não adianta mudar os ministros, se a lógica continua a mesma”, atacou, acrescentando que sua nova legenda não seguirá a mesma “lógica de juntar poder pelo poder, que nos últimos tempos ganhou o sofisticado nome de coalizão ou governabilidade”.
A ex-senadora disse que a política é imprevisível e que ela própria é a maior prova disso. “Não sabia em 2008 que havia outro quadro político além do (José) Serra e da Dilma para conseguir quase 20% dos votos do Brasil.” Foi o resultado da votação dela em 2010, quando concorreu pelo PV e conquistou cerca de 20 milhões de votos. Para sair em 2014, a ex-senadora tem pouco tempo. Precisa coletar 500 mil assinaturas e articular palanques nos estados. Na noite de sábado, ela participou de um jantar para 50 pessoas na casa do ator Marcos Palmeira. Entre os convidados, estavam atores, atrizes, diretores e cenógrafos.
Em uma intensa agenda pública, na manhã de ontem, no Recife, o governador Eduardo Campos (PSB) repetiu críticas à economia brasileira e afirmou acreditar em uma renovação. “Sinto sinais de um processo de renovação”, disse. Campos cobrou, ainda, mais comprometimento do governo federal com uma reforma tributária. “O Brasil perdeu a oportunidade de fazer uma reforma tributária. Faltou decisão política para isso. Ninguém conseguiu”, reclamou.
Apesar de ainda compor a base aliada, o socialista é pré-candidato à Presidência da República e trabalha firmemente para consolidar o seu nome além do estado. Um dos focos tem sido a classe empresarial. Entre as defesas dele, está a ampliação das desonerações tributárias. Na semana passada, o governador fez visitas aos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, onde conversou com políticos e empresários. Ontem, entretanto, ao ser questionado de forma direta sobre a intensificação dessas agendas e das declarações feitas, o socialista tentou se esquivar.
Ele disse que sempre participou de congressos, jantares e fóruns e assim continuaria. Comentou que tudo o que havia dito sobre a economia foi em resposta a “algumas perguntas feitas com tom de pessimismo” e acrescentou: “Se você perguntar à própria presidente Dilma Rousseff, ela dirá que gostaria de fazer mais”.
Campos começou o domingo participando de um passeio ciclístico no centro da capital pernambucana, acompanhado do prefeito da cidade, e afilhado político, Geraldo Júlio (PSB). Os dois fizeram questão de cumprimentar todos. Os dois foram também para o bairro de Boa Viagem participar do jogo de lançamento do projeto de acessibilidade para pessoas com deficiência física, Praia sem Barreiras. O senador Aécio Neves (PSDB-MG), também potencial candidato à Presidência, não teve agenda ontem.
"Não adianta mudar os ministros se a lógica continua a mesma. A lógica de juntar poder pelo poder"
Marina Silva, ex-senadora da República
Fonte: Correio Braziliense
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