“E aí? Você não vai representar contra Henrique Eduardo Alves por requisitar avião da FAB? Vocês entram contra tudo...”, provoca o líder do PR, Anthony Garotinho, O líder do PSol, Ivan Valente, responde: “Não estamos pensando nisso. Por que você não entra?”, devolve o oposicionista. A conversa foi presenciada por vários deputados e coloca o presidente da Câmara no pior dos mundos dada a simbologia de reunir gastos com Copa, políticos e benesses, coisas que o clamor das ruas tem atacado diariamente.
Por essas e outras, em tempo de manifestações tomando conta do país, a viagem de Henrique Eduardo Alves ao Rio de Janeiro na sexta-feira, dois dias antes da final da Copa das Confederações, causou um mal-estar geral até mesmo entre aqueles que tanto lutaram para colocá-lo no cargo de comandante da Câmara. Nas rodinhas de políticos no plenário, a sensação era a de que Henrique, um dos parlamentares mais experientes da Casa, acabou nesse episódio infeliz jogando sobre os deputados um estigma que até então pairava apenas sobre o Senado.
Nas entrelinhas de cada conversa, ficava no ar a dúvida sobre se a devolução do valor das passagens por si só terminaria com esse mal-estar. Além disso, avaliam muitos, somente as passagens não basta, uma vez que o uso de um avião da FAB equivale ao fretamento de um jatinho, o que não sairia por menos de R$ 70 mil.
Ainda que devolva todo o dinheiro, muitos ali classificavam que a nódoa permanecerá. Afinal, decoro não tem preço, e um almoço com o presidente do PSDB, senador Aécio Neves, e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, não pode ser motivo suficiente para fazer deslocar a noiva, cunhado com a mulher, enteados, o filho e um amigo num avião da FAB. Talvez tenha faltado aquele assessor para, antes da viagem, dizer: “Excelência, enlouqueceu?!”.
Entre os políticos, um dos poucos que defendeu Henrique foi o deputado José Priante, do PMDB do Pará. “Vem cá, se Dilma fosse ao jogo, iria de voo de carreira?”. Até aqui, pelo que se consta, a presença de Henrique no jogo não era uma missão oficial, como representante da Câmara dos Deputados. Além disso, a presidente Dilma não foi ao jogo. Preferiu ficar longe, separando a política do futebol, de forma a se poupar das vaias.
Por falar em Dilma...
A nota que Henrique divulgou para justificar a requisição do avião da FAB deixou um mal-estar no Palácio do Planalto. Afinal, se Henrique Alves usou uma aeronave para se reunir com Aécio Neves e Eduardo Paes, estaria ainda, enquanto aliado do governo, buscando uma ponte com o PSDB, que lidera a oposição hoje. No Planalto, comentava-se que, em tempos nos quais o PMDB divulga nota pedindo a redução de ministérios, seria de bom tom o terceiro na linha de sucessão da Presidência da República, no caso o presidente da Câmara, ajudar nesse serviço de contenção de gastos. É incrível como um único episódio tira o brilho de um presidente que até agora se mostrava agarrado no serviço de recuperar a imagem da Casa.
Enquanto isso, no MD de Roberto Freire...
José Serra está em fase de arrumar as malas no PSDB para ingressar no novo partido resultante da fusão do PPS com o PMN. Se não for candidato a presidente, concorrerá ao governo de São Paulo, abrindo um palanque para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, no celeiro nacional dos votos.
E no PT...
Talvez tenha vindo tarde demais a proposta do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), candidato a presidente nacional do partido, de se aproximar mais de legendas como o PSB, o PCdoB e o PDT. Ao que parece, parte desse grupo busca novos rumos. Hoje, ao oficializar sua candidatura, ele ainda pedirá uma oxigenação do PT em direção aos movimentos sociais.
Fonte: Correio Braziliense
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