Por Paola de Moura e Guilherme Serodio
RIO - O governador Sérgio Cabral (PMDB) continua como o principal alvo dos insatisfeitos que saem às ruas na capital carioca. Hoje, grupos estão convocando pela internet um protesto na porta do edifício onde mora, no Leblon. Nas ruas, Cabral é o principal foco de cartazes e palavras de ordem. Gritos como "fora Cabral" e "Cabral ditador" são comuns desde os protestos pela redução da passagem, há duas semanas, até a manifestação que criticou a privatização do Maracanã e a Copa das Confederações da Fifa, no domingo. Mesmo na festa de encerramento da competição, dois integrantes da figuração conseguiram abrir uma faixa protestando contra a privatização do estádio.
O governador não estava lá para ver. Evitou ir à final da Copa, no estádio em que o governo gastou R$ 1,2 bilhão. Cabral esteve presente nos dois jogos-testes no Maracanã. Pesquisa Datafolha, divulgada na segunda-feira, mostra queda na aprovação do governador.
O ato de hoje ocorre dois dias depois de a polícia retirar manifestantes que acampavam perto da residência de Cabral, na esquina da Avenida Delfim Moreira com a Rua Aristides Espínola, no Leblon. Em uma página no Facebook, o evento "Dez mil na rua do Cabral", marcado para as 18h, contava ontem com 143 mil adesões. Os manifestantes dessa vez pedem o "impeachment do governador em repúdio à brutalidade policial".
O evento, criado pelo grupo "Anonymous Rio", promete dar uma resposta à retirada dos manifestantes. "Ele tira a ocupação? A gente vai pra lá com barraca, guardanapo, arte, música e tudo que tiver direito! Fora Cabral!", diz o texto do grupo na internet.
Na madrugada de terça-feira, policiais retiraram cerca de 20 manifestantes do movimento "Ocupa Cabral" que permaneciam acampados na rua do governador há duas semanas. Mais cedo, o secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira (PT) esteve com os manifestantes para negociar, sem sucesso, uma reunião com o Estado.
Durante as semanas de protestos o governador praticamente não apareceu, constata a cientista política da Escola Brasileiras de Administração Pública da FGV-Rio, Sonia Fleury: "Ele não apareceu nem no dia em que o Geraldo Alckmin [governador de São Paulo], Fernando Haddad [prefeito de São Paulo] e o Eduardo Paes [prefeito do Rio] anunciaram a redução das passagens. É uma desconsideração com o outro. Na maior parte do tempo ele é um governador ausente. Sempre o Pezão [vice-governador] chega primeiro".
A atuação violenta da polícia também é criticada nos protestos. Na terça-feira, um ato ecumênico juntou 3 mil pessoas na Avenida Brasil, uma das maiores vias de aceso à cidade. O ato lembrou a morte de nove moradores da favela Nova Holanda, na Maré, na noite de segunda, 24, quando policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), tropa de elite da PM, invadiram a favela depois de uma manifestação de moradores fechar a via. A polícia alega que houve troca de tiros com traficantes, o que culminou na morte de um policial do Bope. Mas a ONG Observatório de Favelas, instalada na localidade, classificou a atuação da polícia como uma vingança pela morte do policial.
Fonte: Valor Econômico
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