Conterrâneos do ministro dizem ter ouvido dele que seu plano é voltar a viver em Tatuí, sua cidade natal, ainda neste ano
Ermo Pires
Dois amigos do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, dizem ter ouvido dele diversas manifestações de que planeja se aposentar até o fim do ano e voltar para sua cidade natal, Tatuí, no interior de São Paulo.
O advogado criminalista José Rubens do Amaral Lincoln, que começou amizade com o decano do Supremo antes de ambos serem alfabetizados, diz ter "absoluta certeza" de que o ministro se aposentará ainda em 2013. E acredita que ele o fará independentemente da prorrogação do julgamento do mensalão. O Estado não conseguiu contato com o ministro para checar a informação.
Na quarta-feira, Celso de Mello dará o voto definitivo sobre a aceitação ou não dos embargos infringentes, recursos que podem permitir nova chance de defesa para 12 dos 25 condenados no processo do mensalão.
A confiança de Lincoln é tamanha que ele já prepara um escritório para o ministro em Tatuí. Já retirou parte dos livros da sala onde trabalha, em um casarão na Rua Quinze de Novembro, e reforma uma sala nos fundos para ficar. Na placa da frente, diz que já vislumbra o nome "Celso de Mello", "Estou reservando ao ministro a sala que ocupo há 40 anos. Espero que ele se satisfaça, humilde como é, se ele nos der a honra de vir trabalhar aqui."
Outro amigo do ministro, o cirurgião-dentista José Erasmo Peixoto, reforça que o desejo transmitido pelo ministro aos amigos é o de voltar. São 43 anos no serviço público desde a posse como promotor de Justiça de São Paulo, 24 anos no Supremo Tribunal Federal "Ele daria um ótimo parecerista", diz.
Lincoln e Peixoto, que costumam se reunir com Celso de Mello nas férias e em visitas esporádicas, divergem sobre o voto que ele dará 11a sessão de quarta-feira.
O dentista acredita que Celso de Mello reafirmará a defesa que já fez da admissão dos embargos infringentes no Supremo Tribunal Federal no início do processo do mensalão, em agosto de 2012. Já Peixoto entende que o ministro modificará seu posicionamento e recusará esse tipo de recurso.
"Celso me enviou um e-mail no qual mostrava a capa do jornal Correio Braziliense com a manchete "Um país à espera de Justiça". Pelo que recebi dele, eu interpreto que vá votar contra a aceitação dos embargos", disse Peixoto. "Acredito que esse clamor popular nunca antes visto na história do Judiciário brasileiro vai pesar muito na sua decisão, pois 99% (dos brasileiros) querem por um fim ao processo e acabar a. impunidade", comentou.
Além do escritório oferecido por Lincoln, o ministro Celso de Mello já tem um apartamento na cidade, próximo ao colégio Barão de Sumi, onde estudou na infância. Fica no mesmo prédio do amigo.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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