Partidos têm até o dia 5 de outubro para filiar quem vai concorrer no pleito do próximo ano
Isabel Braga, Fernanda Krakovics e Juliana Castro
RIO - Esta semana será decisiva para saber com quais cartas os partidos políticos vão contar para as eleições de 2014. Isso porque as legendas têm até o dia 5 de outubro para filiar aqueles que vão concorrer no pleito do próximo ano. É neste período em que as conversas entre possíveis candidatos e siglas se intensificam, e o troca-troca aumenta.
A semana será crucial, principalmente, para a ex-senadora Marina Silva, que tenta viabilizar seu partido, o Rede Sustentabilidade, para disputar a Presidência da República. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decide nesta semana se concede o registro à nova sigla, que ainda não conseguiu certificar as 492 mil assinaturas exigidas por lei para a legalização da legenda.
O eventual naufrágio da Rede deixa em situação difícil alguns de seus apoiadores, como o deputado federal Alfredo Sirkis (PV-RJ):
— O PV está dizendo que não vai me dar legenda (para disputar as eleições do ano que vem).
A indefinição sobre a criação do Rede posterga ainda mais a escolha dos possíveis candidatos, já que muitos vão aguardar até o último minuto para saber se o partido realmente será oficializado a tempo de dar legenda para quem vai concorrer em 2014.
Embora diga que ainda tem esperança de que a Rede seja criada, o deputado Domingos Dutra (PT-MA) é outro sem ambiente para permanecer em seu atual partido, por causa do engajamento no projeto de Marina:
— É difícil ficar no PT, porque lá (no Maranhão) o partido está controlado pela família Sarney. É incompatível para quem tem dignidade.
A exceção seria o deputado Walter Feldman (PSDB-SP), que também está na linha de frente da criação da Rede. Segundo tucanos paulistas, Feldman, se quiser, poderá concorrer pelo PSDB.
A expectativa entre os “marineiros” é que a decisão do TSE saia na quinta-feira, a dois dias do prazo final. Pessoas próximas a Marina afirmam que ela não tem um plano B e que, politicamente, seria muito ruim para sua imagem, construída em cima do discurso ética, entrar às pressas em outro partido para se candidatar à Presidência.
— Se não conseguir o registro da Rede, ela vai para o PEN, um partido cartorial? Para qualquer legenda que ela for, irá contradizer o discurso dela, ficar igual. Vai ter que se explicar — ironizou o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ).
Cid Gomes definirá para qual partido vai
Enquanto Marina luta para tirar seu partido do papel, a aprovação da criação do Solidariedade e do PROS contribuiu para intensificar o troca-troca. Quem vai para uma nova sigla não poder ter o mandato contestado, por infidelidade partidária. O PROS aguarda a filiação do grupo do governador do Ceará, Cid Gomes. Eles também flertam com outras legendas.
O prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, se reuniu com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, na sexta-feira e prometeu dar uma resposta até terça. Cid, seu irmão Ciro Gomes, além de prefeitos, deputados e vereadores, deixaram o PSB porque apoiam a reeleição da presidente Dilma Rousseff e não a candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, à Presidência da República.
Outra que define seu futuro político é a presidente do PT do Ceará, a ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins. Isolada em seu partido, foi convidada a ir para o PSB. Nesta segunda-feira, Luizianne conversa com o presidente do PT, Rui Falcão, em São Paulo. Na sequência, encontra o deputado Márcio França (PSB-SP), um dos mais próximos de Eduardo Campos. Apesar de persistirem no assédio, os socialistas estão pessimistas quanto à ida de Luizianne para o PSB.
No Rio, mudanças nas bancadas da Alerj
As conversas sobre a dança das cadeiras já eram intensas na semana passada, na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Agora, a expectativa maior é sobre o destino do deputado Wagner Montes, atualmente no PSD, e parlamentar mais votado para a Casa em 2010, com 528.628 votos. Ele está de malas prontas para o PRB, do senador Marcelo Crivella. Confirmada a saída de Wagner Montes, a aposta é que ao menos seis dos 11 deputados do PSD deixem o partido.
Quem também manifestou o desejo de mudar foi o ex-jogador Bebeto. Desgostoso com os escândalos envolvendo o PDT, ele tem conversado com várias legendas. Para completar o troca-troca, os cinco deputados estaduais do PSB devem deixar a sigla, após a crise envolvendo a direção nacional e o diretório do Rio.
O deputado estadual Pedro Fernandes, atualmente no PMDB, é o articulador do Solidariedade no Rio. A nova sigla, apesar de se alinhar nacionalmente a Aécio Neves (PSDB), deve apoiar Lindbergh Farias (PT) ao governo do Rio. Na Alerj, Pedro Fernandes tem tentado cooptar principalmente os deputados do baixo clero. Oficialmente, ele nega que o apoio a Lindbergh esteja certo e que tenha a intenção de atrair parlamentares com mandato.
Fonte: O Globo
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