Curiosas essas pesquisas sobre sucessão presidencial que fazem os institutos de pesquisas. Aliás curiosas mesmo são as matérias e as interpretações que os vários jornais, em geral contratantes das pesquisas, dão aos resultados obtidos.
Falta um ano para o pleito. Como a pesquisa é uma fotografia, um momento de uma determinada trajetória, ela diz pouco do passado e nada do futuro. As centenas de eleições passadas e as milhares de pesquisas já mostraram isso. Mas nada muda na imprensa. Ela continua a noticiar e os "especialistas" continuam a escrever como se não tivessem aprendido nada na história das eleições e das pesquisas.
A mais recente pesquisa é noticiada como uma recuperação da Dilma. No início do ano ela apresentava "intenções" de voto em torno de 60%. Em Julho estava em torno de 30%. Agora "recuperou" 7% ou 8%. Coisa semelhante ocorre com o seu governo na avaliação positiva e negativa e essa avaliação é a razão da queda.
A melhora da avaliação levou à "recuperação". Também na mesma proporção, isto é, "recuperou" cerca de 25% do que havia perdido, e é só.
Não dá pra tirar nenhuma conclusão sobre o futuro, mas dá sobre o presente. Dilma perdeu porque seu governo começou a ser visto como um governo medíocre, incapaz de enfrentar as dificuldades do quadro econômico em que se encontra o país. Após a queda de julho Dilma investiu pesadamente na mídia e promoveu ações que, ainda que não se concretizem, como não se concretizarão, procura mostrar uma presidente preocupada com o quadro social do país. O seu marketing político procura associá-la a um esforço para enfrentar a crise de mobilidade, de habitação e da falta de atendimento médico adequado.
Nada de novo. A limitada "recuperação" mostra uma pequena parcela da população tocada pelo discurso, por mais falso que seja, de um presidente sensível ao sofrimento do povo. Mas parou por aí. Isso significa a sua vitória em 2014? Claro que não! Ou sua derrota? Também não!
O jogo ainda nem começou. Quais serão os candidatos? Como se comportarão as alianças? Qual o quadro econômico nos próximos doze meses? E qual será o efeito dos processos que atingem as lideranças petistas, no quadro presumível de dificuldades econômicas pelas quais vamos passar? E os novos escândalos que vem vindo por aí?
Há dados que devem deixar os petistas de cabelo em pé. Por exemplo, no momento atual, no cenário desenhado, em um segundo turno, Dilma varia intenções de voto entre 38% e 43%. É pouco para quem tem o governo, a máquina governamental, o acesso ilimitado à mídia, o poder de apresentar planos e mais planos, criando esperanças que não vão se realizar. E que tem de responder pelos problemas do país nos próximos longos doze meses. Vide o programa "mais médicos" que é como se fosse uma amostra grátis (aliás grátis não é) com efeitos limitadíssimos na crise da Saúde em que vivemos.
Até lá, muita água vai correr debaixo da ponte. A única coisa certa que as pesquisas mostram (aliás para isso elas não são necessárias) é que o "já ganhou" que os petistas cantavam, já era.
Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB
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