Diz o ditado: Esperteza quando é demais costuma comer o esperto.
Parece que o PT e o governo ao "fazer o diabo" para viabilizar a reeleição de Dilma, está correndo o risco de criar contra si uma unidade de forças políticas que tem sido pressionadas, negligenciadas, subestimadas e maltratadas pelo governo e pelo partido.
E isso não é uma prática nova do governo e da campanha atual. No governo Lula também foi assim, quando afastaram-se progressivamente das hostes governistas o PPS, o PSOL, o PV e o que hoje veio a ser a Rede Sustentabilidade, com Marina Silva a frente. Hoje já se afastaram ou caminham celeremente para o afastamento, o PSB, do pré-candidato Eduardo Campos e o Solidariedade, que consiste em significativa parte do PDT.
Dizem que o que atrai e mantém as alianças políticas é muito mais a perspectiva de poder do que o seu exercício no momento, ainda mais quando o poder do momento é avaliado de maneira duvidosa gerando incertezas futuras.
Na transição anterior dúvidas muito menores que as de hoje existiam. Havia uma certa estabilidade econômica, a inflação estava controlada, o crédito era dado a rodo para o consumo, a Bolsa Família era uma novidade funcionando, etc e mesmo assim fomos ao segundo turno graças a candidatura de Marina Silva, desgarrada do governo por insatisfação com os rumos que este vinha tomando.
As candidaturas de Eduardo Campos e Marina Silva, ambos para presidente até ontem, buscavam, com seus programas e projetos próprios e isolados, se constituírem como uma alternativas de poder futuro. Apertados pelos formidáveis esforços dos espertos, do governo e do PT, em obstruir-lhes espaços políticos, apoios, ações de governo e o fazer o que mais pudessem para lhes dificultar a vida, fizeram com que se unissem, com um ou outro candidato a presidente ou vice-versa, e iniciassem o que pode se transformar, se bem conduzido, em um polo político - e não só eleitoral - com real substância e perspectivas reais de poder.
Aguardam- se os novos movimentos. Se os espertos continuarem tão desenvoltos e prepotentes como o marqueteiro de Dilma, João Santana, que disse textualmente sobre a oposição: "Eles vão se comer, lá embaixo, e ela [Dilma], sobranceira! vai planar no Olimpo." não haverá surpresa se mais defecções ocorrerem na caravana governista e mais unidade se formar na oposição.
Urbano Patto é Arquiteto-Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional, dirigente do Partido Popular Socialista (PPS) de Taubaté e do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@gmail.com
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